Essa semana aconteceu a nova fase na vacinação contra a poliomielite, substituindo as doses de reforço da tradicional vacina oral bivalente (a gotinha) pela vacina inativada poliomielite (VIP), que é injetável.
A decisão segue uma tendência mundial e visa garantir uma proteção mais eficaz contra a paralisia infantil, além de eliminar possíveis riscos associados ao vírus atenuado usado na vacina oral.
O diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações, Eder Gatti, destacou a segurança dessa mudança, que já é realidade em países como os Estados Unidos e várias nações da Europa.
O novo esquema vacinal consiste na aplicação de três doses da VIP, aos 2, 4 e 6 meses de idade, seguidas de um reforço único aos 15 meses, eliminando a necessidade das duas doses de reforço com a VOP, antes aplicadas aos 15 meses e aos 4 anos.
Com a VIP, espera-se uma resposta imunológica robusta, especialmente importante para crianças imunocomprometidas, uma vez que a vacina não carrega os riscos de mutação viral associados à versão oral.
No estado do Pará, o novo esquema já está em vigor, com a retirada de todas as doses de VOP das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) entre setembro e outubro de 2024, assegurando a substituição total pela VIP.
A coordenadora de Imunização da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), Jaíra Ataíde, enfatizou a relevância dessa transição para a segurança das crianças, destacando que o novo protocolo busca eliminar completamente o risco de mutação do vírus vacinal.
O Brasil está livre da poliomielite desde 1989, um marco alcançado graças ao esforço de imunização e à adesão popular.
Ainda assim, com o aumento do fluxo de pessoas em nível global, o país enfrenta o risco de reintrodução do vírus, principalmente se a cobertura vacinal não alcançar a meta de 95%, estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Dados de 2023 apontam que a cobertura da VIP atingiu 86,5%, enquanto a da VOP foi de 78,2%.
A mudança no esquema vacinal não significa o fim da campanha do Zé Gotinha, personagem icônico da luta contra a poliomielite.
Criado nos anos 1980, ele permanece como símbolo da vacinação e continuará a promover o Programa Nacional de Imunizações (PNI), ajudando a conscientizar sobre a importância das vacinas para manter o Brasil livre da pólio.
Para os especialistas, a adesão ao novo esquema é essencial não apenas para proteger cada criança, mas para manter uma barreira coletiva contra o vírus.
Segundo Mayra Moura, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), “a vacinação é um pacto social e fundamental para impedir a reintrodução da doença no país.
Fontes: Ministério da Saúde, Portal do Butantan e Agência Pará
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