Beleza

Proibida na Europa, técnica de unha de gel entra em debate também no Brasil

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reavalia a segurança de uma substância química presente em esmaltes usados para a técnica da unha em gel, chamado de TPO, o óxido passou a ter a comercialização banida por ser classificado como cancerígeno, mutagênico e tóxico para o sistema reprodutivo.

O TPO, ou óxido de trimetilbenzoil difenilfosfina, é uma substância química utilizada como fotoiniciador em esmaltes de unha em gel. A função dele é ativar o endurecimento do esmalte quando exposto à luz ultravioleta (UV) ou LED. Embora proporcione longa durabilidade ao esmalte, o TPO tem gerado preocupações devido aos potenciais riscos à saúde.

A Sociedade Brasileira de Dermatologia também se manifestou sobre os riscos que a substância pode causar para a saúde das unhas e da pele, e afirmou que não recomenda o uso das unhas de gel.

Com a proibição do TPO na Europa, a médica dermatologista Elcilane Gomes explica os possíveis riscos dessa substância.

“Existem sim substâncias específicas nesses produtos que podem provocar alergias, ou como a gente chama na dermatologia, dermatite de contato, principalmente devido à presença de alguns metacrilatos nas unhas em gel. Elas também se encontram em colas para as unhas e causam essa dermatite de contato que vai se desenvolvendo de forma gradual e piorando a cada reaplicação.”

Segundo a médica, essas dermatites surgem com mais frequência nos dedos das mãos, mas também elas podem afetar outras partes do corpo, como o rosto, orelhas e antebraços. 

“Além disso, pode haver uma reação mais sistêmica, como a vermelhidão, coceira, inchaço, descamação e outras manifestações cutâneas por conta dessas substâncias. Então quem tiver alergia conhecida a essas substâncias deve evitar o procedimento.”

Alerta para o uso de cabines de luz ultravioleta

Elcilane Gomes alerta para os riscos que a cabine de luz ultravioleta pode trazer para a pele. “ Ela pode sim trazer riscos para a pele, para as unhas. Já existem alguns estudos nesse sentido em que demonstraram que a exposição à radiação ultravioleta dessas lâmpadas utilizadas para secar o gel, pode sim ser cancerígena. Alguns pesquisadores identificaram que esse risco é proporcional ao tempo de exposição, ou seja, o perigo de câncer aumenta com o uso prolongado, porém, a gente sabe que a cabine — apesar de emitir essa luz intensa, tem a exposição bem baixa em comparação com a exibição solar. Além disso, não é feito de uma forma tão recorrente. Mas o risco de câncer de pele e de unha, apesar de ser baixo, existe.”

De acordo a especialista, as unhas em gel oferecem mais riscos do que o esmalte comum. Isso porque muitas vezes elas não se fixam totalmente na unha natural, deixando o local mais úmido e aquecido. Esse ambiente favorece a proliferação de fungos e bactérias. Mesmo quando aplicadas da forma correta, ainda podem aumentar as chances de problemas nas unhas.

“No consultório é comum a vinda de pacientes com algumas complicações decorrentes das unhas em gel e dessas afecções ungueais, a mais comum, sem sombra de dúvidas, é a unha com micose, que são as infecções fúngicas nas unhas com tratamento bastante demorado, de no mínimo seis meses.”

“Agora, no início de setembro, nós soubemos que esse procedimento foi proibido na Europa devido a um dos produtos utilizados, que é o TPO. Ele teve a sua venda e comercialização proibida no continente. Essa restrição pela União Europeia resultou de alguns testes que foram feitos em animais em que se observou a ingestão de altas doses de TPO nesses roedores e, consequentemente, como resultado desses testes, teve-se o encolhimento dos testículos nos machos e a diminuição da fertilidade nas fêmeas. Por esse motivo, o procedimento foi contraindicado. E da mesma forma a Sociedade Brasileira de Dermatologia se manifestou afirmando que não recomenda o uso das unhas de gel, mas não há no Brasil uma proibição formal acerca do assunto”, explica a médica em decorrência dos últimos acontecimentos.

A enfermeira preceptora, Ana Carolina Pinheiro, é fiel a esse procedimento estético. “Já faço há alguns anos, vou todo o mês. Escolhi fazer as unhas em gel por conta da durabilidade, o procedimento também me ajudou na ansiedade, pois não consigo roer as unhas quando ela está com gel”, conta.

Ela diz também que, em nenhum momento, foi alertada pelo salão sobre os malefícios das unhas em gel, e que já ouviu falar sobre a proibição das substâncias tóxicas presentes nas cabines de luz UV ou LED. “Já ouvi falar e as manicures falaram que não é verdade. Continuarei fazendo, até quando de fato for proibido, pois uso pra não roer minhas próprias unhas e ajuda no meu processo de ansiedade”, finalizou Ana Carolina.

Para quem não abre mão do procedimento, a médica dermatologista, Elcilane Gomes orienta que os consumidores se informem sobre os produtos que o profissional vai utilizar nesse procedimento. ”Ele consta na lista de produtos liberados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária? Clientes de salões de beleza devem verificar se o profissional que aplica unhas de acrigel tem formação adequada e segue normas da Vigilância Sanitária. A manutenção precisa ser feita, em média, a cada 15 dias, dependendo do crescimento da unha, e é essencial observar sinais de infiltração ou deslocamento. A remoção do esmalte não deve ser feita com acetona, mas com produtos específicos, e no dia a dia recomenda-se o uso de luvas, especialmente para diabéticos.“

O procedimento deve ser evitado por pessoas com alergia aos componentes, psoríase nas unhas, infecções prévias como onicomicose, além de diabéticos, pacientes em quimioterapia e menores de 16 anos.

Gabrielle Nogueira

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