Preço de medicamentos vendidos a hospitais no Brasil cresce 1,32% em junho, aponta índice - FRONT SAÚDE

Preço de medicamentos vendidos a hospitais no Brasil cresce 1,32% em junho, aponta índice

O preço dos medicamentos vendidos aos hospitais no país teve alta mensal de 1,32% em junho deste ano.

O resultado está acima da prévia do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 0,67% e da variação mensal dos preços da economia brasileira, que é medida pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que foi de 0,59%.

Esses dados são do Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H), indicador criado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) em conjunto com a Bionexo, empresa de soluções digitais para gestão em saúde.

No acumulado de janeiro a maio de 2022, o índice fecha o primeiro semestre deste ano com uma alta acumulada de 6,23%, resultado superior à inflação ao consumidor acumulada pelo IPCA/IBGE (+5,49%), porém, inferior ao comportamento dos preços medido pelo IGP-M/FGV (+8,16%), de acordo com a fundação.

Os maiores aumentos de preços em junho nos grupos de medicamentos considerados na composição da cesta do índice foram em sangue e órgãos hematopoiéticos (+8,74%); aparelho respiratório (+7,26%); aparelho geniturinário (+6,87%); aparelho digestivo e metabolismo (+3,05%); sistema nervoso (+2,63%); preparados hormonais (+1,24%) e aparelho cardiovascular (+0,07%).

No entanto, os os próximos grupos exibiram queda mensal em seus preços: órgãos sensitivos (-2,09%); anti-infecciosos gerais para uso sistêmico (-1,67%); imunoterápicos, vacinas e antialérgicos (-0,85%); sistema musculoesquelético (-0,71%) e agentes antineoplásicos (-0,63%).

De acordo com Bruno Oliva, economista da Fipe, a variação dos preços dos medicamentos nestes últimos anos tem um pouco de relação com a Covid-19 no país.

“Quando observamos a evolução do índice, notamos que ele caminhou mais ou menos em linha com o IPCA desde 2015 até o começo de 2020. Mas, a partir daí, tivemos um pico de alta dos preços de medicamentos, justamente pelo aumento da demanda por medicamentos associados ao cuidado dos pacientes com covid. Quando olhamos de forma desagregada, de fato foram exatamente os medicamentos usados em relação aos cuidados de pacientes com Covid-19 que tiveram as maiores altas”, explicou, ressaltando que o resultado de junho não destoou muito dos índices de preços.

Oliva ressaltou que, depois da primeira onda de Covid-19, houve um abatimento nos preços dos medicamentos vendidos aos hospitais.

“Com a diminuição dos casos, os preços caíram um pouco ao final de 2020, acompanhando a redução da pressão nos hospitais, se mantendo relativamente bem comportados até a segunda onda, quando ocorre nova alta significativa. No último trimestre de 2021 já foi observado um comportamento natural. Uma elevação não muito forte, mas uma elevação esperada, porque os preços geralmente aumentam em linha com o comportamento do IPCA”, completou.

Variação anual

No acumulado dos últimos 12 meses, houve queda de 1,85% no IPM-H, resultando bem abaixo das altas observadas neste período do IPCA (+11,89%) e do IGP-M (+10,70%).

Segundo a Fipe, esse resultado negativo do índice “decorre das variações observadas nos seguintes grupos terapêuticos: anti-infecciosos gerais para uso sistêmico (-22,96%); aparelho cardiovascular (-20,69%); sistema musculoesquelético (-19,25%); aparelho digestivo e metabolismo (-13,55%); e sistema nervoso (-12,07%)”.

Os grupos que mostraram aumento de preço nos últimos 12 meses incluem: aparelho geniturinário (+34,71%); sangue e órgãos hematopoiéticos (+25,23%); aparelho respiratório (+18,04%); imunoterápicos, vacinas e antialérgicos; (+13,32%); preparados hormonais (+2,27%); agentes antineoplásicos (+2,24%); e órgãos sensitivos (+0,96%).

Para a Fipe, embora possam estar correlacionados, o resultado do IPM-H “não mensura o comportamento dos preços de medicamentos em farmácias, isto é, nos preços ao consumidor final (segmento varejo)”. E, também, não é uma medida de variação dos custos dos hospitais e/ou planos de saúde, “que envolvem também gastos com equipamentos, procedimentos, materiais, recursos humanos, protocolos de tratamento/atendimento e segundo frequência de uso”.

Fonte: CNN Brasil