O enfrentamento ao câncer não é apenas físico, mas também emocional. O impacto psicológico desse diagnóstico é significativo e não pode ser ignorado, porque traz inúmeros desafios. Medo, ansiedade, tristeza e incerteza são apenas algumas das emoções que o paciente precisa enfrentar.
Segundo o Observatório de Oncologia, entre 22 e 29% dos pacientes com câncer desenvolvem depressão, transtorno de saúde mental mais comum entre pacientes oncológicos. Para a ansiedade, o segundo mais comum, chega a 26%.
A prevalência de doenças emocionais em pacientes oncológicos é bem maior do que ocorre na população em geral (5,8%). Os casos de ansiedade também afetam 18,6 milhões (9% da população). Segundo a Organização Pan-Americana de saúde-OPAS, o Brasil é o país com a maior prevalência de depressão na América Latina.
Além do impacto emocional causado pelo diagnóstico, alguns medicamentos quimioterápicos também podem provocar efeitos colaterais como cansaço, desânimo e fraqueza. E a soma desses problemas pode contribuir para o surgimento de uma depressão.
A comerciante Jéssica Karine, de 34 anos, descobriu o câncer de colo de útero no final de 2022. Ela sentia dores pélvicas e sangramentos durante relações sexuais e procurou atendimento médico.
Os exames apontaram uma lesão pequena, que foi tratada. Os preventivos também não identificaram nada alarmante. “Mesmo assim, eu sabia que havia algo errado, por conhecer meu corpo”, lembra Jéssica.
Os sintomas pioraram, com dor lombar, vômitos e novos sangramentos, mais intensos. Jéssica fez uma segunda colposcopia, com biópsia, e confirmou o câncer. O diagnóstico foi o gatilho para os primeiros sinais de transtorno emocional. “Em 2015, tive depressão pós-parto e foi muito difícil.
Passei mais de um ano abalada, não conseguia fazer nada e demorei a pedir ajuda, buscar tratamento”, conta Jéssica. “Com o câncer, senti que não podia passar por aquilo de novo, sozinha.
Ter o suporte psicológico e uma rede de apoio com família e amigos durante o tratamento oncológico foi muito importante. Tive muitos momentos de choro e desespero, mas também me orgulho por conseguir controlar meu emocional e superar o sofrimento”, afirma.
Durante o ano de 2023, ela fez quimioterapia, radioterapia e braquiterapria. Só interrompeu o tratamento por um período para fazer uma cirurgia e apendicite. “O pós-operatório foi difícil e me abalou ainda mais, pensei em desistir, mas, graças a Deus, superei”.
Jéssica concluiu o tratamento em dezembro e deve continuar com o acompanhamento. Ela também pretende retomar a terapia com psicólogo. “O apoio profissional é fundamental para a saúde mental voltar a ser 100%”, conclui.
Ter uma rede de apoio é fundamental – O acompanhamento psicológico é um aliado importante para os pacientes manterem a saúde mental.
“Não há vergonha em buscar ajuda. Ter um espaço seguro para expressar suas preocupações, medos e emoções pode ajudar a aliviar o peso que carregamos. Terapeutas especializados em câncer estão disponíveis para fornecer suporte, orientação e ferramentas para lidar com os desafios emocionais”, explica a psicóloga Natália Rêgo, do Centro de Tratamento Oncológico.
“O psicólogo pode oferecer ao paciente e sua família um espaço de acolhimento para a dor e as angústias inevitáveis com o diagnóstico e o tratamento. É muito importante auxiliar o paciente a pensar e se organizar diante da nova realidade que se apresenta, possibilitando perceber melhor seus recursos e potencialidades para lidar com a doença e uma melhor forma de encarar esse processo”, avalia ela.
A psicóloga reforça que cuidar da saúde mental envolve praticar o autocuidado. “É preciso reservar um tempo para fazer coisas que tragam alegria e paz. Priorizar o descanso, a alimentação saudável e a prática de exercícios físicos adequados. O autocuidado é um componente crucial na jornada de tratamento contra o câncer”, conclui.
Assim como é melhor descobrir o câncer mais cedo, em vez de ter um diagnóstico tardio, o mesmo vale para as condições de saúde mental. É importante que os pacientes sejam informados e possam se prevenir, aprender logo a lidar melhor com as emoções, se fortalecer física e mentalmente. A equipe médica e o paciente devem ficar atentos para o surgimento de sintomas. Tratamentos medicamentoso e psicoterápico podem ser necessários.
As pessoas que recebem suporte psicológico geralmente observam melhora em sua condição médica geral, têm maior probabilidade de seguir as orientações médicas e ter mais qualidade de vida.
Os sintomas emocionais mais comuns enfrentados nesse período são:
Janeiro Branco – A campanha foi criada em 2014 por um grupo de psicólogos mineiros. O mês foi escolhido pelo simbolismo do recomeço – O início de cada ano é o período em que estamos mais propensos a fazer planos e definir metas
Texto: assessoria CTO-PA
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