A Associação Brasileira de Bancos de Sangue (ABBS) quis mostrar benefícios que acredita que possam ajudar e beneficiar a saúde brasileira, veja os sete motivos
Com o avanço da Proposta de Emenda à Constituição PEC 10/2022 no cenário político brasileiro, é crucial explorar seu potencial impacto no Brasil. A Associação Brasileira de Bancos de Sangue (ABBS) enxerga na PEC 10/2022 uma oportunidade singular para aprimorar o sistema de saúde e melhorar o acesso a hemoderivados essenciais para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e instituições de saúde privadas no Brasil.
Hoje, a população brasileira enfrenta grave carência de hemoderivados, uma situação preocupante à luz das estatísticas. Estima-se que 1 em cada 1.000 indivíduos sofre de alguma forma de imunodeficiência primária, totalizando cerca de 230 mil de cidadãos afetados no país. Alarmantemente, entre 70% e 90% desses pacientes enfrentam um subdiagnóstico devido à escassez de exames disponíveis e ao acesso limitado a cuidados médicos de qualidade. A escassez crônica de imunoglobulina contribui para subtratamentos em pacientes já diagnosticados e, em alguns casos, a ausência total de tratamento, agravando o risco de morte.
Comparativamente, o Brasil consome uma média de apenas 16 gramas de imunoglobulina por mil habitantes, uma quantidade 15 vezes menor quando comparada a países como Austrália e Estados Unidos, que utilizam 250 gramas por mil pessoas. Para suprir a demanda atual de imunoglobulina no Brasil, seriam necessários impressionantes 921 mil litros de plasma. Considerando um consumo de 160 gramas por 1.000 habitantes ao ano, seriam necessárias aproximadamente 61 milhões de doações de sangue total. Atualmente, o Brasil conta com cerca de 4 milhões de doações de sangue ao ano no total, revelando uma discrepância alarmante entre a oferta e a necessidade desse recurso vital para a saúde da população.
A transfusão de plasma absorve cerca de 20% da produção do hemocomponente nos serviços de hemoterapia, os 80% restantes referentes ao plasma excedente do uso transfusional pode ser utilizado para beneficiamento na produção de medicamentos hemoderivados, como albumina, imunoglobulina e fatores de coagulação. Porém, o país descartou 5,4 milhões de bolsas de plasma (200 ml cada) entre 2018 e 2020, segundo os dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Apenas com o que é desperdiçado em um ano seria possível produzir 222 mil gramas de imunoglobulina.
Segundo Paulo Tadeu de Almeida, presidente da ABBS, essa iniciativa representa um avanço significativo na busca por preservar vidas, ao ampliar o acesso aos hemoderivados, e, dessa forma, assegurar um futuro mais saudável para a nação. “Os pacientes desejam mais medicamentos disponíveis para tratamento. Por isso, defendemos parcerias público-privadas na produção de hemoderivados, a redução da dependência de importações e o aprimoramento do sistema de saúde nacional são fundamentais. É imprescindível que a sociedade brasileira compreenda a importância dessa proposta para a evolução do sistema de saúde do país”, esclarece.
Os hemoderivados desempenham um papel fundamental no tratamento de uma ampla variedade de doenças e condições médicas. Eles são especialmente cruciais em pacientes com distúrbios de coagulação, como a hemofilia, e também são usados para tratar pessoas com deficiências imunológicas, como a imunodeficiência primária. Além disso, os hemoderivados são essenciais para pacientes submetidos a cirurgias, vítimas de traumatismos e queimaduras graves, insuficiências hepática e renal, e aqueles que sofrem de certas doenças autoimunes.
Texto da Associação Brasileira de Bancos de Sangue (ABBS)
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