Doenças

Os impactos da esporotricose em humanos e felinos

A esporotricose, está se expandindo em vários estados brasileiros e também apresenta casos registrados em países vizinhos, como Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile. Acometendo pessoas e animais. Mas o que seria essa doença?

Conforme a infectologista Vanessa Santos, a esporotricose é uma micose provocada pelo fungo Sporothrix schenckii. Esse fungo pode ser encontrado no solo, vegetais, madeira e outros materiais orgânicos. A transmissão ocorre através do contato do fungo com a pele ou mucosa, frequentemente associado a traumas ou lesões. Isso pode acontecer, por exemplo, em acidentes com espinhos, palha ou lascas de madeira.

Vanessa diz que a transmissão também pode ocorrer através do contato com vegetais em decomposição ou mordedura de animais doentes, sendo o gato o principal vetor da doença. Mas que vale destacar que a esporotricose não é transmitida de pessoa para pessoa.

Os sintomas da esporotricose em seres humanos variam dependendo de como a doença se manifesta, podendo ser cutânea (afetando a pele) ou extracutânea (atingindo órgãos internos). Vanessa explica que na forma cutânea, a infecção começa com uma lesão semelhante a uma picada de inseto. Em casos de acometimento de órgãos internos, como os pulmões, os sintomas incluem tosse, falta de ar, dor ao respirar e febre, podendo ser confundidos com a tuberculose.

A esporotricose também pode afetar ossos e articulações, resultando em inchaço e dor ao movimentar, semelhante à artrite infecciosa. A apresentação clínica da doença depende de vários fatores, como o estado imunológico do paciente e a profundidade da lesão.

Vanessa alerta que é crucial procurar atendimento médico ao suspeitar da doença. O tratamento da esporotricose em seres humanos envolve o uso de antifúngicos, que estão disponíveis gratuitamente após o diagnóstico pela Secretaria de Vigilância em Saúde.

A doença também é considerada uma zoonose emergente, uma vez que pode afetar os animais, com destaque para os gatos e transmitir para os humanos. O veterinário Bruno Barros recomenda que a principal medida de prevenção é o uso de luvas e roupas de manga longa e equipamentos de proteção individual ao cuidar de animais doentes ou abandonados.

Caso um animal de estimação esteja infectado, é importante isolá-lo e seguir o tratamento recomendado por um veterinário. Não é aconselhável abandonar, maltratar ou sacrificar o animal, e, se ele falecer, o corpo deve ser incinerado para evitar a contaminação do solo.

Em felinos, Bruno fala que os sintomas mais comuns incluem feridas profundas na pele, frequentemente com pus, que não cicatrizam e se espalham rapidamente, além de espirros frequentes. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais, e os animais doentes não devem ser abandonados, pois isso pode aumentar a disseminação da doença.

Bruno alerta que a transmissão da esporotricose entre gatos e deles para cães e seres humanos ocorre principalmente por meio de mordidas, arranhões e contato com as lesões dos infectados. Gatos carregam o fungo nas garras, na saliva e no sangue. Ele lembra que cães e seres humanos não transmitem a doença.

“Se você for arranhado por um gato suspeito de esporotricose, lave imediatamente o local com água e sabão e procure atendimento médico se o ferimento não cicatrizar”.

Para prevenir a propagação da doença em animais de estimação, recomenda-se evitar o contato com animais desconhecidos, manter os animais dentro de casa ou em áreas cercadas e castrar os animais para evitar fugas. Essas medidas são essenciais para reduzir o contágio da esporotricose entre animais e humanos.

Romeu Lima

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