A obesidade cresce em ritmo alarmante segundo um estudo do Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades da Universidade Estadual de Campinas (SP). No Brasil, mais de 50% da população sofre com obesidade, doença multifatorial (CID E66) e vem crescendo a indicação à cirurgia bariátrica. Porém, em 2020 houve uma queda de 69,9% nas cirurgias realizadas pelo SUS com a pandemia. O Ministério da Saúde classifica a cirurgia bariátrica como um procedimento eletivo essencial com prioridade na saúde pública.
Dietas alimentares nem sempre dão conta de solucionar a obesidade, tendo em vista que na maioria dos casos, ela está ligada aos hábitos alimentares, falta de atividade física, ansiedade e transtornos psíquicos, compulsão, entre outros fatores que contribuem para o aumento de peso. O advogado Carlos Maia (39) estava bem acima do peso, com 110kg já havia planejado a cirurgia quando veio a pandemia da covid-19 e as restrições, o que o levaram a engordar mais 9kg. “Eu ficava ansioso e com meu filho em casa, sem escola, comíamos muito mais e sem tanto critério, explicou”. O advogado lamenta a interrupção nos planos mas diz que ainda pretende realizar a bariátrica para ter mais qualidade de vida e longevidade, já que a obesidade diminui a expectativa de vida. “Se antes já estava difícil executar tarefas simples do dia-a-dia, com a pandemia e o trabalho remoto, fiquei mais tempo sentado e comi tudo o que não devia, pra compensar o stress e as perdas dos entes queridos” conta. É bom frisar que, em muitos casos, os cirurgiões precisam que o paciente perca algum peso antes da cirurgia, quando há, por exemplo, risco cardíaco ou outros comprometimentos.
Métodos cirúrgicos na bariátrica
Bypass, método cirúrgico que faz um grampeamento em uma área menor, porém, que torna a área do estômago muito restrita. A parte superior do estômago excluso não é retirada, preservando a capacidade de produção dos sucos digestivos (gástricos, bile e pancreático), mas que por sua vez, não se encontram na alça comum para ajudar na digestão. Nessa técnica uma pequena parte do intestino é cortada para realizar uma ligação mais “direta” no duto alimentar. Em parte do intestino, a absorção de minerais e vitaminas fica anulada, acontecendo apenas no eixo em que se encontram a alça alimentar e a bileo-pancreática. Esse método tem bastante eficácia e é indicado para obesidade mórbida ou obesidade grau II com diabetes, hipertensão e outras comorbidades decorrentes dela.
Sleeve ou gastrectomia em manga técnica é uma técnica em que é feito um grampeamento na curva do estômago para retirar a parte superior dele. Como é retirado o fundo gástrico, uma parte do órgão responsável pela produção de um hormônio chamado grelina, ou hormônio da fome.
A cirurgia bariátrica é um recurso que por si só pode não resolver em definitivo a causa do problema, que pode em alguns casos se configurar em compulsão alimentar, e portanto, uma equipe multidisciplinar é recomendável para evitar o efeito platô. Ainda há muitos casos em que pacientes estacionam na perda de peso, ou que reganham peso.
Se você não tem plano de saúde, pode solicitar ao seu médico do SUS o encaminhamento para um hospital de referência em sua cidade com a indicação “avaliação para cirurgia bariátrica”
Suplementação pós bariátrica
A cirurgiã geral e do aparelho digestivo, Dra. Carolina Beckman Oti, que também é nutróloga, explica que em ambas as técnicas, o paciente deve continuar sendo acompanhado pelo médico e caso haja alguma deficiência, deve adotar a prescrição indicada para cada caso. “Há pessoas em que a administração oral de ferro, por exemplo, não é suficiente devido a fatores específicos, portanto, é necessário o acompanhamento pós cirúrgico para evitar futuros problemas, e a maioria dos pacientes que retorna com deficiência de minerais e outras consequências mais graves é aquele paciente que não volta para ser reavaliado”, conclui a médica.
Bypass: Geralmente, ferro e cálcio precisam ser suplementados (associados a vitamina C e D respectivamente) de acordo com cada necessidade individualizada.
Sleeve: Anexa a essa parte está o fator intrínseco que faz a absorção da vitamina B12, portanto, após esse tipo de cirurgia, recomenda-se acompanhar a dieta e os exames clínicos para verificar se precisa suplementar a B12.
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