Até os 6 meses de idade, a recomendação do Ministério da Saúde e Sociedade Brasileira de Pediatria é de amamentação exclusiva sempre que possível. Após esse período já é possível fazer a introdução alimentar e o leite materno pode ser oferecido até os dois anos de idade ou mais.
Mas o que deve ser oferecido na introdução alimentar para garantir a saúde da criança e evitar obesidade e outras doenças? Segundo o documento oficial e a Organização Mundial de Saúde: Alimentos naturais como legumes, frutas, ovos, carnes e água nos intervalos das refeições.
No manual da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), uma compilação de orientações aos médicos sobre diversos assuntos relacionados à alimentação de crianças e adolescentes, há algumas lacunas consideráveis no que tange aos conceitos de alimentação saudável. O manual apresenta algumas divergências a diretrizes oficiais do Ministério da Saúde dispostas no Guia Alimentar para a População Brasileira, lançado em 2014, e na nova versão do Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de Dois Anos, de 2019. O documento suprime algumas recomendações oficiais e naturaliza o uso de produtos ultra-processados.
A dieta adequada para crianças até dois anos de idade exclui o consumo de qualquer alimento ultra-processado, recomenda a amamentação até os dois anos e deve reforçar uma alimentação isenta de sal. Compostos lácteos não deveriam fazer parte dessa dieta, nem mesmo sob o argumento de suprir deficiências nutricionais.
Veja as diferenças entre compostos e fórmulas:
Compostos lácteos fazem parte de uma ampla gama de produtos feitos à base de derivados do leite (no mínimo 51%) e outros ingredientes, como açúcar, gorduras e aditivos alimentares, e são registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. São diferentes das fórmulas de partida e de segmento, que estão submetidas à regulamentação da Anvisa e obedecem a critérios bem mais rigorosos na composição e comercialização, sendo recomendadas apenas nos casos em que não é possível amamentar.
Por conta dessas brechas, os compostos são um nicho muito explorado pelas indústrias em todo o mundo. No Brasil em particular, a ausência de regulamentação permite que um produto de qualidade e custo inferior, mas acrescido de vitaminas e nutrientes, seja comercializado com rótulos enganosos e muito parecidos aos das fórmulas, normalmente dispostos lado a lado nas prateleiras. É importante frisar que não se deve dar açúcar para crianças e no manual, a SBP recomenda apenas evitar, enquanto o guia do Ministério da Saúde é enfático na orientação de “não oferecer”.
Ingredientes como a maltodextrina, um carboidrato de alto índice glicêmico presente em diversos compostos lácteos, é apenas um dos componentes que não são saudáveis para alimentação infantil.
Segundo o Atlas da Obesidade Infantil, feito pelo Ministério da Saúde, 18,9% das crianças de até dois anos têm excesso de peso e 7,9% estão obesas. Quase metade das crianças de 6 a 23 meses (49%) haviam consumido algum alimento ultraprocessado no dia anterior à pesquisa.
Um detalhe importante de frisar é que não se deve forçar a criança a comer mais do que ela consegue. Respeitar o limite de cada uma é fundamental, até para evitar que ela desenvolva rejeição aos alimentos ou ao ato de se alimentar. O tamanho do estômago dos pequeninos é proporcional à ingestão que cada um deles suporta.
Os alimentos devem estar bem manipulados, respeitando as normas de higiene e segurança alimentar, bem cozidos, acondicionados de forma segura e em temperatura correta.
QUAL O MELHOR MÉTODO DE INTRODUÇÃO ALIMENTAR?
Na introdução, existem diferentes correntes. Há quem defenda os alimentos em forma de purê ou papa e, de outro lado, quem afirme que o correto é dar os alimentos apenas amassados ou semi- sólidos. No primeiro, o bebê é alimentado de forma passiva, com o uso de colher adaptada e a quantidade é controlada pelos pais e mães. No segundo, a criança come com as mãos, estimulando a coordenação motora e o aspecto sensorial, uma vez que explora texturas e se alimenta de forma ativa, indicando qual o seu limite.
O método Baby Led Weaning, ou BLW, defende a autonomia do bebê, ou seja, aconselha-se oferecer os alimentos com cortes específicos e o mais natural possível, para que os próprios pequeninos levem o alimento à boca. A preocupação comum a todas as mães e pais é com relação ao engasgo.
Outro ponto importante é que ao mastigar alimentos inteiros, a criança desenvolve melhor a fala, diminui a seletividade e estimula a coordenação motora grossa e fina. Adriane, que é mãe de Zoe (2) afirma que o BLW foi muito positivo e reforça os diferenciais em relação à metodologia tradicional, usada com a filha mais velha, Dara (12). “Zoe aceita melhor que a irmã o que oferecemos e come bem, além de demonstrar curiosidade por novos alimentos e mais autonomia” conta.
No método que adotou com a filha caçula, Adriane fala sobre os cortes orientados de legumes, frutas e diz que no princípio dava tudo quase inteiro, mas que tinha medo de que a menina engasgasse. Os defensores do BLW garantem que é seguro pois, existe o engasgo, que leva à asfixia e até à óbito caso não seja feita a manobra de Heimlich (uma manobra de primeiros socorros que pode ser feita em qualquer idade em casos de engasgo, e o reflexo de GAG, que é quando a criança consegue expulsar naturalmente o alimento que não conseguiu deglutir.
A nutricionista infantil Sara Dupont reforça que ambos os métodos são bons, desde que respeitem a criança e que a comida seja feita de forma saudável. Quanto ao engasgo, aconselha a aprender a manobra de Heimlich como recurso em casos extremos, mas acredita que com uma supervisão é possível evitar esse tipo de acidente. “Tenho acompanhado mães que adotaram o BLW e não há relatos de engasgo, mas sim de reflexo de GAG, que é um mecanismo natural e até positivo, pois a criança aprende naturalmente a expulsar o que tem dificuldade de engolir”, explica.
Como deve ser a composição da dieta infantil, até os dois anos de idade, para garantir a fonte de fonte de complexo B, vitaminas, proteínas, ferro, minerais e fibras, ajudam a evitar constipação intestinal.
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