Uma nova variante do vírus HIV, causador da Aids, foi descoberta em circulação no Brasil, segundo um estudo liderado por pesquisadores do Hospital Universitário Professor Edgard Santos, da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
A nova cepa, batizada de CRF146_BC, combina genes dos subtipos B e C do HIV, que são os mais comuns no país, e foi identificada em pacientes da Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
A descoberta foi feita a partir da análise de 200 amostras de sangue de pacientes em tratamento no ambulatório de infectologia do Hupes-UFBA/Ebserh.
A pesquisa, publicada na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, apontou que o vírus recombinante já circula em Salvador, além de ter sido encontrado em outros dois estados.
“Nossos estudos mostram que as amostras são descendentes de um mesmo ancestral. Apesar de aparecer apenas em casos esporádicos, o vírus recombinante se disseminou”, afirmou Joana Paixão Monteiro-Cunha, professora de bioquímica da UFBA e coautora do estudo.
O HIV recombinante, como é chamado o vírus que resulta da união de dois subtipos diferentes, foi identificado em quatro pacientes no Brasil.
A variante CRF146_BC é predominantemente composta pelo subtipo C, que, segundo a pesquisadora Monteiro-Cunha, pode indicar uma pressão genética e seletiva, tornando o vírus mais agressivo e adaptado.
Bernardino Geraldo Alves Souto, professor de medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), explicou que os subtipos B e C possuem características distintas.
“O subtipo B é mais transmissível entre homens e tem uma agressividade maior. O C, por sua vez, transmite-se mais de mãe para filho durante a gravidez e demora mais para apresentar sintomas”.
Ele destacou ainda que a combinação dos subtipos pode gerar sintomas inesperados nos pacientes.
A descoberta da CRF146_BC alerta para a contínua evolução do HIV e a necessidade de reforçar as estratégias de enfrentamento da doença no Brasil.
Desde 1980, mais de 150 recombinações entre as variantes B e C foram identificadas em todo o mundo, sendo esta a segunda combinação do tipo descoberta no Brasil.
Em 2023, o Ministério da Saúde registrou 43.403 novos casos de HIV, sendo 73,6% em homens.
Apesar dos avanços no tratamento, cerca de 190 mil pessoas que sabem ser portadoras do HIV/Aids ainda não iniciaram o tratamento, o que representa 19% da população diagnosticada com a doença.
Souto, da UFSCar, enfatiza a importância de ampliar os testes para o HIV no país: “Tem muita gente com HIV que não sabe ou tem medo de fazer o exame e dar positivo. Então, é importante investir na conscientização para que as pessoas façam mais testes”.
Monteiro-Cunha também reforça a necessidade de campanhas direcionadas tanto à prevenção quanto ao tratamento do HIV, para evitar o surgimento de novas variantes e controlar a disseminação do vírus no Brasil.
Fontes: Folha de São Paulo e O Globo
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