Um opioide que pode ser até 40 vezes mais potente que o fentanil foi encontrado em ervas e comprimidos apreendidos no estado de São Paulo.
A presença do nitazeno foi descoberta por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em colaboração com a Polícia Científica de São Paulo.
Tudo publicado em junho na revista Forensic Science International: Reports, intitulado “Opioides sintéticos ilícitos no Brasil: A chegada dos nitazenos”. Os responsáveis afirmam que este é o “primeiro relato consistente de apreensões de nitazeno no Brasil”.
O nitazeno é um opioide sintético com um alto efeito analgésico. Embora os opioides naturais, como a morfina, sejam extraídos da papoula e amplamente utilizados em procedimentos médicos para aliviar a dor, versões semissintéticas e sintéticas, como a heroína, fentanil e nitazeno, foram desenvolvidas para aumentar seu potencial.
O fentanil, importante em ambiente hospitalar, é 50 vezes mais potente que a heroína e 100 vezes mais potente que a morfina, mas seu desvio para uso ilegal tem causado inúmeras mortes por overdose. O nitazeno, por sua vez, eleva ainda mais esse potencial.
Segundo o professor de Medicina de Emergência da Universidade de Virgínia, nos EUA, Christopher P. Holstege, o nitazeno pode ser de 10 a 40 vezes mais forte que o fentanil.
Holstege explica que, devido à falta de ensaios clínicos, há pouca informação sobre como o corpo humano reage aos nitazenos.
Testes de laboratório, no entanto, mostram que certos nitazenos podem ser centenas a milhares de vezes mais potentes que a morfina.
O nitazeno apareceu pela primeira vez em 2019 no Centro-Oeste dos EUA e, desde 2022, tem sido encontrado em várias formas nas ruas, incluindo pós e comprimidos.
Entre julho de 2022 e abril de 2023, 140 amostras de opioides apreendidas pela polícia de São Paulo foram analisadas.
Dessas, 95% continham nitazeno. Os pesquisadores observaram que 99% dos casos de nitazeno foram encontrados em ervas, o que não era esperado.
A mistura de opioides potentes com canabinoides sintéticos, conhecidos como K9 ou “zumbi”, é imprevisível e a maioria dos usuários não tem consciência do que está consumindo.
Embora o Brasil ainda apresente baixos números de abuso de opioides em comparação com países como os EUA e o Canadá, a legislação restritiva que limita o acesso a medicamentos à base de opioides pode ser um fator contribuinte.
No entanto, os novos dados de apreensões indicam que o cenário de opioides no país está mudando.
Os pesquisadores alertam que, embora ainda haja poucas apreensões de opioides em comparação com outras drogas, a ameaça representada pelos novos compostos está crescendo.
É crucial que autoridades policiais e profissionais de saúde permaneçam vigilantes.
Os nitazenos representam uma nova e perigosa realidade no mercado de drogas ilícitas no Brasil.
O aumento na presença desses opioides sintéticos exige atenção redobrada das autoridades e uma abordagem preventiva para evitar que o país enfrente uma crise de opioides semelhante à observada nos Estados Unidos.
A conscientização sobre os riscos e a vigilância contínua são essenciais para proteger a população dos efeitos devastadores desses poderosos analgésicos sintéticos.
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