Uma recente investigação conduzida pela ONG suíça Public Eye, em parceria com a Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar, trouxe à tona uma prática controversa na indústria alimentícia infantil. Ao analisar rótulos e amostras de laboratório dos populares produtos da Nestlé destinados a bebês e crianças, NINHO e MUCILON, descobriu-se uma disparidade alarmante na quantidade de açúcar adicionado entre as unidades vendidas em países de média e baixa renda, em comparação com os comercializados em nações europeias, como a Suíça, sede da empresa.
Essa descoberta ressalta uma prática comum na indústria: a adição de açúcares e gorduras em fórmulas infantis, especialmente em países com legislação mais permissiva. A pesquisa, realizada em diversos mercados da Nestlé na África, Ásia e América Latina, revelou que quase todos os produtos MUCILON analisados continham adição de açúcar, contrariando as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que menores de dois anos não devem consumir açúcares livres.
A adição de açúcar nos produtos NINHO e MUCILON foi particularmente evidente em países como Índia, Indonésia, Vietnã, Tailândia, África do Sul, Etiópia, Nigéria, Senegal e nas Filipinas, enquanto mercados europeus como Suíça, Alemanha, França e Reino Unido ofereciam produtos sem adição de açúcar. Essa disparidade levanta questões sobre a equidade na oferta de produtos nutricionalmente adequados para crianças em diferentes partes do mundo.
O relatório da Public Eye provocou um debate sobre as práticas da indústria alimentícia e a necessidade de ações regulatórias mais rigorosas. Especialistas destacam a importância da transparência na rotulagem e da conscientização dos consumidores para fazer escolhas alimentares mais saudáveis. Enquanto isso, a Nestlé defende suas práticas, afirmando aplicar os mesmos princípios de nutrição globalmente, mas reconhecendo a variação nas receitas devido a regulamentações locais e disponibilidade de ingredientes.
A questão da adição de açúcar em produtos infantis não se limita apenas à Nestlé, mas levanta preocupações mais amplas sobre a saúde e o bem-estar das crianças em todo o mundo. Especialistas e organizações de saúde pública estão chamando atenção para a necessidade de ações urgentes para garantir produtos nutricionalmente adequados para crianças, especialmente em países menos desenvolvidos, onde a disponibilidade e a qualidade dos alimentos podem ser mais desafiadoras.
A investigação da Public Eye destaca a importância de abordagens consistentes e baseadas em evidências para a nutrição infantil em escala global. Ao mesmo tempo, ressalta a necessidade de maior vigilância regulatória e transparência por parte da indústria alimentícia para garantir que os interesses da saúde pública estejam sempre em primeiro lugar. Enquanto o debate continua, é fundamental serem tomadas medidas concretas para garantir que todas as crianças, independentemente de onde vivam, tenham acesso a alimentos seguros e nutritivos desde a primeira infância.
Pesquisa de Public Eye
Fonte: O Globo
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