Mortalidade materna no Brasil: realidade e avanços - FRONT SAÚDE

Mortalidade materna no Brasil: realidade e avanços

Todos os óbitos que ocorrem durante ou até 42 dias após o parto e com causa relacionada à gravidez entram no índice de mortalidade materna. Entre as principais causas, estão pré-eclâmpsia, hemorragia, infecções e abortos provocados. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 92% dessas mortes são consideradas evitáveis.

“A grande maioria das mulheres está fazendo pré-natal e os partos ocorrem em hospitais, mas, infelizmente, a qualidade desses cuidados não está sendo suficiente pra evitar essas mortes”, diz a obstetra Regina Lopes Pessoa de Aguiar, da Comissão de Mortalidade Materna da Federaçao Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetricia (Febrasgo).

Hoje, no país, o índice de mortalidade está em 64,5 óbitos para cada 100 mil nascidos vivos — número bem acima da meta firmada com Organização das Nações Unidas (ONU), que é de 30 óbitos para cada 100 mil nascido vivos até 2030, conforme os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

Enfrentamento – O Pará dispões de uma ampla rede de atendimento à mulher e continua investindo na melhoria dos serviços ofertados. Em Santarém no Oeste do Pará, o Hospital Materno Infantil, deve ser inaugurado nos próximos nesses. O projeto é uma parceria entre Governo do Estado, que investiu 25 milhões de reais, e a Prefeitura Municipal, responsável pela execução da obra. A unidade terá 124 leitos e prevê a realização de 600 partos/mês e vai atender além de Santarém, outros 19 municípios da região.

Em funcionamento há pouco mais de dois anos, o Hospital Materno Infantil Dra. Anna Turan (HMIB) é considerado referência em humanização devido aos diversos projetos que desenvolve visando à maior aproximação entre o recém-nascido e sua família. Localizada a 114 quilômetros da capital Belém, atendendo 100% SUS, a unidade hospitalar alcançou a média de 96% de satisfação entre seus usuários.

Além de atendimento de urgência e emergência, o Hospital oferece consultas, internações, cirurgias e exames, tendo contribuído para a redução no deslocamento de pacientes para a capital em busca de atendimento médico, principalmente de mulheres grávidas e em trabalho de parto.

Em Belém, a Fundação Santa Casa de Misericórdia, que completou 370 anos de atuação, é referência na região Norte, principalmente no atendimento materno-infantil de alta e média complexidade. A maior maternidade pública do Estado realiza cerca de mil partos por mês e conta com mais de 500 leitos em atividades.

Também na capital, o Hospital Abelardo Santos, localizado em Icoaraci, os atendimentos de ginecologia e obstetrícia são bastante procurados. O Hospital recebe demandas de partos, naturais e cesariana, além da assistência aos recém-nascidos, dispondo de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e Unidade de Cuidados Intensivos (UCI), além de UTIs pediátrica e neonatal.

O Pará avança para oferecer melhor atendimento para a mulher também na área da oncologia, com o projeto de construção do Hospital Público da Mulher Nossa Senhora de Nazaré, exclusivo para o público feminino, que, de acordo com o Anuário Estatístico do Pará 2020, estudo realizado pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), representa mais de 49% da população paraense.

O novo hospital será erguido no mesmo terreno onde funcionava a sede do Instituto de Assistência dos Servidores do Estado do Pará (Iasep), na Avenida Gentil Bittencourt, em Belém. Atualmente, a Sedop está executando a demolição do antigo prédio do Iasep para, posteriormente, dar início à construção do novo hospital. O trabalho começou no último mês de janeiro.

Ao todo, o novo hospital deverá oferecer 120 novos leitos, que serão distribuídos em 100 leitos operacionais de urgência e emergência com atendimento de alta complexidade e 20 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). A unidade de saúde será referência nas linhas de cuidados especializados em ginecologia, mastologia, infectologia, endocrinologia, uroginecologia, reumatologia e dermatologia, equipada com aparelhos de ressonância, raio-X, mamografia, tomografia e eletrocardiograma. O espaço também será referência para o atendimento de mulheres vítimas de violências sexuais e domésticas.