A cannabis, uma das substâncias psicoativas mais populares globalmente, continua a intrigar pesquisadores quanto aos seus efeitos sobre a mente humana.
Três estudos recentes, publicados em revistas científicas renomadas, revelaram novas perspectivas sobre como essa droga afeta nossos processos cognitivos e psicológicos.
Dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime indicam que aproximadamente 192 milhões de pessoas entre 15 e 64 anos usaram cannabis recreativamente em 2018.
Jovens adultos, especialmente aqueles entre 18 e 25 anos, representam uma parte significativa desse grupo, destacando-se pela prevalência no uso dessa substância.
O tetrahidrocanabinol (THC), o principal composto psicoativo da cannabis, atua no sistema endocanabinoide do cérebro, afetando áreas como as pré-frontais e límbicas.
Essas regiões são cruciais para funções como recompensa, motivação e aprendizado, controlando neurotransmissores como dopamina, GABA e glutamato.
Estudos destacam que o uso de cannabis pode resultar em transtornos induzidos pela substância, caracterizados por um desejo persistente de uso e impactos negativos nas atividades diárias.
Pesquisas comparativas revelaram desempenho significativamente inferior em testes de memória entre usuários crônicos e aqueles que nunca ou raramente usam cannabis.
Além disso, observou-se que o início precoce do uso de cannabis está associado a maiores déficits nas funções executivas do cérebro.
Há também diferenças de gênero: enquanto homens tendem a apresentar problemas de memória visual, mulheres usuárias podem experimentar dificuldades com atenção e funções executivas.
O uso prolongado de cannabis não apenas afeta a cognição, mas também está ligado a desafios emocionais.
Estudos mostraram que adolescentes que usam cannabis têm maior probabilidade de experimentar anedonia (incapacidade de sentir prazer) e são mais propensos a desenvolver sintomas psicóticos, especialmente aqueles com predisposição para psicose.
Embora alguns efeitos cognitivos possam diminuir após períodos de abstinência, a pesquisa enfatiza a importância de entender os efeitos a longo prazo do uso de cannabis, especialmente entre jovens em desenvolvimento.
Questões como dosagem, vulnerabilidades genéticas e idade de início continuam a ser cruciais para avaliar os impactos potenciais dessa substância na saúde mental.
Esses estudos fornecem um panorama detalhado dos efeitos multifacetados da cannabis, destacando a necessidade contínua de pesquisa para melhor informar políticas públicas e práticas clínicas relacionadas ao seu uso.
Fonte: BBC e The Conversation
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