A Organização Mundial de Saúde (OMS) relata que o Brasil é o segundo país das Américas com maior número de pessoas depressivas, Segundo dados, o quantitativo equivale a 5,8% da população, atrás dos Estados Unidos, com 5,9%. A depressão é uma doença que afeta 4,4% da população mundial. O Brasil é ainda o país com maior prevalência de ansiedade no mundo (9,3%). Segundo especialistas, o principal objetivo da campanha Janeiro Branco é colocar em relevância os temas ligados à saúde mental e chamar atenção dos indivíduos e da sociedade em geral a assuntos fundamentais para a saúde integral (mente, corpo, espírito, sociedade, meio ambiente), aproveitando a metáfora do encerramento de ciclos e abertura de novos, logo ao início de um novo ano, em janeiro.
A psicóloga Bianca Mascarenhas explica que um dos motivos para a realização da seria por conta de ainda existir muito preconceito quanto à procura de um tratamento. “Ainda há pessoas que dizem ‘eu me cuido sozinho’ ou ‘psicólogo é pra quem está doente, eu não preciso…’ Uma outra realidade é o acesso aos profissionais do comportamento humano, por vezes, em valores inacessíveis. E aí a Campanha Janeiro Branco também tem um importante papel de quebrar preconceitos, orientar e promover acessos. É um mês em que todos os profissionais do comportamento humano são chamados a se comprometerem com a causa da saúde mental, em diversos formatos e possibilidades. Precisamos falar sobre isso, em todos os públicos e lugares, principalmente para acabar com o preconceito que, por vezes, impossibilita que as pessoas busquem ajuda”, afirmou.
A pandemia da covid-19 tornou a situação ainda mais fragilizada no que diz respeito à saúde mental, avaliou a psicóloga. “A pandemia nos levou ao distanciamento físico afetando uma condição tão fundamental para nós, humanos, que é a convivência, o relacionamento, como seres gregários que somos. Houve aumento da ansiedade, da síndrome do pânico e de casos de depressão, como outros transtornos, infelizmente, mas também é importante ressaltar que podemos trabalhar o processo de ressignificar tudo isso e sermos melhores pessoas, melhores famílias, enfim, uma sociedade melhor. Uma certeza grande é aprender, de uma vez por todas, que somos um todo, um só, e que no coletivo somos mais fortes para enfrentar esse e mais outros tantos desafios sociais. Se hoje, passados dois anos, somos as mesmas pessoas do final de 2019, creio que perdemos a oportunidade, mesmo diante de tanto sofrimento e medos, de nos revisarmos e de dar importância ao que é verdadeiramente importante em nossas vidas”, declarou.
A especialista esclarece que sentir angústia ou raiva, por exemplo, são normais, desde que não prejudique a rotina de atividades de um indivíduo. Os sintomas como medo excessivo, tristeza excessiva, desânimo, procrastinação constantes, valem uma consulta com um profissional do comportamento humano, ou seja, o psicólogo e o psiquiatra. Importante também é que, por vezes, a própria pessoa não consegue se perceber diferente e, nesses casos, vale um familiar, um amigo, trazer o assunto para que a própria pessoa faça, se puder, sua avaliação e caminhe em busca de ajuda. Isso é fundamental nos casos de possível depressão onde, na maioria das vezes, os que estão próximos são os responsáveis em perceber a mudança de comportamento da pessoa e fazer o primeiro de ajuda”, concluiu.
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