Instituição integra estratégia nacional com plano de ação que objetiva zerar a demanda por esses procedimentos em 2023
O Hospital Ophir Loyola (HOL) deu início às cirurgias de reconstrução mamária em atenção à habilitação na estratégia estabelecida pela portaria nº 553 do Ministério da Saúde (MS), de 10 de julho de 2023. A normativa disponibilizou mais de R$ 840 mil, para atender pacientes que passaram por mutilação durante o tratamento oncológico. A meta da instituição de saúde, certificada como Centro de Alta Complexidade em Oncologia na região Norte do Brasil, é assistir toda demanda reprimida até o final deste ano.
“A evolução do tratamento oncológico permite tratar tumores de mama em fase inicial com a cirurgia conservadora. Em casos mais avançados, ou dependendo da agressividade do câncer, não é possível utilizar essa técnica. Para esses casos é indicada a mastectomia radical. No procedimento, além da retirada completa da mama, são extraídos os linfonodos axilares e os músculos peitorais. Uma situação que afeta a vida social e sexual das mulheres”, explicou a superintendente do Instituto de Oncologia, Ana Paula Borges.
No país, a Portaria GM/MS nº 127, de 13 de fevereiro de 2023, instituiu a estratégia excepcional de ampliação do acesso à reconstrução mamária em caso de mulheres com diagnóstico de câncer de mama, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). O ato administrativo considera as mulheres com diagnóstico de neoplasia maligna de mama submetidas à mastectomia total (radical ou simples), prévia ou com indicação de reconstrução mamária no mesmo ato cirúrgico.
Também chamada de oncoplastia, a técnica é realizada no Hospital Ophir Loyola por uma equipe composta por cirurgiões plásticos, mastologistas e residentes médicos. Entretanto, o período pandêmico e a alta demanda de pacientes internados com Covid-19 influenciaram no atendimento. Foram priorizadas as cirurgias curativas do câncer, gerando uma demanda reprimida de 184 mulheres à espera do procedimento.
Em consonância com a Coordenação Estadual de Oncologia, o hospital manifestou o interesse em aderir às metas definidas pelo governo federal. “Elaboramos um plano de ação para atender a portaria do MS e resgatar as pacientes que estavam em fila de espera. São assistidas mulheres que já foram ou serão operadas, e devem ser submetidas à reconstrução de forma imediata ou tardia (indicada para aquelas que necessitam passar por quimioterapia e radioterapia)”, afirmou Ana Paula Borges.
Após serem contatadas, cerca de 100 mulheres decidiram pelo procedimento. Elas foram avaliadas pela equipe de cirurgia plástica e foram submetidas aos exames pré-operatórios para renovar a autorização de internação hospitalar. A duração da estratégia de ampliação das cirurgias será de 24 meses, conforme a portaria do MS. O Fundo Nacional de Saúde adotará as medidas necessárias para a transferência dos recursos financeiros aos Fundos Estadual e Municipais de Saúde, após a apuração da produção na Base de Dados dos Sistemas de Informações Hospitalares do SUS.
A oncoplastia é importante para a saúde emocional das pacientes que perderam as mamas em razão do tratamento do câncer. Os objetivos vão além da estética, resgatam a autoestima, a autoimagem dessas mulheres e as encorajam a aderir ao tratamento oncológico, conforme destaca o cirurgião plástico do Hospital Ophir Loyola, Rui Azevedo.
“A reconstituição da mama faz parte do tratamento, composto por cirurgia, quimioterapia, radioterapia, e promove o resgate da dignidade e o bem-estar dessa mulher. Então, a nossa especialidade está integrada ao tratamento oncológico, porque não podemos desvincular o tratamento de reparação das cirurgias de mastectomia”, disse Rui Azevedo.
O serviço de cirurgia plástica do HOL atua tanto com implantes mamários (de silicone ou expansor) quanto com o Tecido do Retalho do Músculo Reto Abdominal (TRAM) ou retalho miocutâneo, que consiste na utilização do tecido do abdômen inferior (pele e gordura) associado ao músculo reto abdominal. A estratégia do Ministério da Saúde contempla o TRAM, ou seja, a mulher é submetida a abdominoplastia associada à reconstrução mamária.
“Essa técnica é a mais usada no hospital e tem resultados estéticos superiores à prótese de silicone porque traz forma e volume naturais e fica bem semelhante a uma mama saudável. Entretanto, o abdômen da paciente deve ter tecido doador, caso contrário, é usado o implante de silicone”, informou o cirurgião plástico.
Os especialistas definem o momento ideal para a realização da reconstrução, conforme o tipo e tamanho do tumor, velocidade e disseminação das células cancerosas, bem como as condições clínicas da mulher.
As reconstruções imediatas são indicadas para pacientes com tumores na fase inicial, na fase 1 e 2. Naquelas pacientes com estágio avançado e com metástase em outras áreas do corpo, opta-se por fazer um tratamento conservador e, num segundo momento, a reconstrução”, concluiu.
Texto de Leila Cruz para Agência Pará
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