Linha de Frente

Hormônio da saciedade e medicamentos inovadores podem mudar o cenário da obesidade

Pesquisadores da Universidade McMaster, no Canadá, descobriram um hormônio chamado GDF15 que desempenha um papel importante na perda de peso e queima de calorias. Segundo o artigo divulgado, nesta quarta-feira (28), na revista Nature, o GDF15 reduziu a ingestão de alimentos em até 43%, em testes com camundongos. Os cientistas acreditam que no futuro seja possível desenvolver tratamentos combinados com essa substância e medicamentos existentes para suprimir o apetite, promovendo um maior emagrecimento em humanos.

No estudo, os camundongos foram divididos em dois grupos: um grupo controle que recebeu placebo e um grupo que recebeu doses de GDF15. Os animais do grupo experimental apresentaram uma redução de 30% a 43% na ingestão diária de alimentos e continuaram perdendo peso mesmo consumindo o mesmo número de calorias que o grupo controle.

O GDF15 ativa um receptor no cérebro chamado GFRAL, o que leva a uma redução no consumo de alimentos gordurosos em camundongos. Além disso, o receptor também aumenta a queima de calorias, aumentando a atividade nervosa no músculo.

Os pesquisadores observaram que a elevação na queima de energia ocorreu nos músculos, não no tecido adiposo. Isso sugere que bloquear a desaceleração do metabolismo causada pelo GDF15 pode ajudar as pessoas a manterem o peso perdido, permitindo que o músculo queime calorias em níveis observados antes da perda de peso.

No entanto, mais pesquisas são necessárias para estudar os efeitos do GDF15 em humanos. Entender como o hormônio afeta a queima de energia muscular pode ajudar a explicar por que diferentes pessoas têm resultados variados com dietas e perda de peso. Além disso, estudos adicionais sobre o hormônio podem fornecer novas abordagens para auxiliar na perda de peso por meio de dietas e aumentar os benefícios de medicamentos que reduzem o apetite, como a semaglutida, conhecido como Ozempic.

Além disso, dois novos medicamentos para tratar a obesidade estão próximos de se tornarem disponíveis. O orforglipron é mais fácil de usar e produzir, além de ser provavelmente mais barato que os tratamentos existentes. O retatrutide, por sua vez, apresenta alta eficácia e pode elevar o padrão do tratamento farmacológico da obesidade.

Ambos os medicamentos imitam hormônios que retardam a digestão dos alimentos e reduzem o apetite, auxiliando na perda de peso. Eles são semelhantes a medicamentos já existentes para diabetes, que também possuem o benefício adicional da perda de peso.

O orforglipron é uma molécula não peptídica, mais barata e fácil de produzir em comprimidos, enquanto os medicamentos atuais requerem injeções semanais e pertencem a um grupo caro de moléculas chamadas peptídeos.

O retatrutide demonstrou um nível de perda de peso significativo em estudos, com participantes perdendo em média 24,2% do peso corporal ao longo de 11 meses de tratamento, superando os medicamentos existentes no mercado.

No entanto, tanto o orforglipron quanto o retatrutide podem ter efeitos colaterais desagradáveis, semelhantes aos medicamentos existentes. É importante que esses efeitos sejam toleráveis, pois interromper o tratamento pode resultar em reganho de peso.

Embora esses medicamentos não resolvam as causas estruturais da obesidade, eles podem fornecer alívio para aqueles que lutam contra o excesso de peso. O orforglipron e o retatrutide podem ser a resposta para aqueles que precisam de tratamento para a obesidade.

Romeu Lima

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