O diagnóstico de câncer é um divisor de águas na vida de qualquer pessoa. Para Gabriela Matias, de 26 anos, e Jailma Bulhões, de 47, enfrentar a doença foi também um desafio para a saúde mental.
Acompanhadas por profissionais e apoiadas em escolhas pessoais, como terapia e atividade física, elas mostram como o cuidado psicológico é essencial no tratamento oncológico.
GABRIELA: DO DIAGNÓSTICO AO PROPÓSITO DE VIDA
Gabriela tinha 22 anos quando descobriu um tumor renal que já apresentava metástases. Ela sofreu uma queda no Natal de 2020 e passou a sentir muitas dores lombares e após exames descobriu o tumor com 5 cm.
“O maior desafio da minha vida foi receber esse diagnóstico, para uma menina de 22 anos cheia de planos e muito vaidosa, foi um choque”, ela recorda e continua, “a queda de cabelo, as mudanças no corpo e os desafios do processo mexeram muito com meu psicológico, levei um tempo para aceitar e lidar bem com tudo”.
Enfrentando mudanças físicas e emocionais, ela buscou apoio psicológico desde o início do tratamento.
“Escolher me cuidar mentalmente foi essencial para superar as adversidades e continuar vivendo com propósito”, diz.
Além do acompanhamento psicológico, Gabriela procurou se manter ocupada.
“Acredito que tudo tem um propósito e o meu começou em 2021. No meu tratamento sempre tive dificuldade em encontrar lenços e toucas”, ela comenta.
Isso fez com que Gabriela tivesse a ideia de criar uma loja virtual para vender esses adereços e com a renda fez algo maravilhoso.
“Realizei um grande sonho, a criação de um projeto que ajuda crianças e adolescentes oncológicos”.
JAILMA: O PODER DA ATIVIDADE FÍSICA
Já Jailma, diagnosticada com câncer de mama em 2024, encontrou na musculação uma forma de se fortalecer psicologicamente.
“Quando recebi meu diagnóstico, sofri muito, chorei muito, e como paciente oncológica, a preocupação com a aparência é forte. A gente perde não só o cabelo, mas todos os pelos da sobrancelha, cílios. Você não sabe como vai reagir nesse processo e como as pessoas vão te perceber, te olhar”, lembra.
“A musculação salvou minha vida. É o momento em que me concentro em mim, equilibrando corpo e mente”, afirma.
“Nesse início, mesmo sofrendo, eu continuei meus treinos. Ninguém sabia o que eu estava passando, como estava a minha cabeça. Fiquei concentrada em mim, naquele momento, tentando controlar minha ansiedade”, Jailma revela.
“A musculação não é só para o físico, mas é também para contribuir para a minha sanidade mental, para lidar com a doença e colocar a cabeça no lugar”.
JANEIRO BRANCO: REFLEXÃO E CONSCIENTIZAÇÃO
O Brasil lidera o ranking mundial de transtornos de ansiedade, com 9,3% da população afetada (18 milhões de brasileiros).
A depressão atinge quase 6% da população brasileira (11 milhões de brasileiros). É o que aponta o mapeamento global de transtornos mentais, realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os transtornos mentais são ainda mais preocupantes em pessoas que enfrentam o diagnóstico de doenças graves como o câncer, pois a incidência é muito grande.
“O Janeiro Branco é um momento oportuno para fomentar debates sobre a saúde mental e reduzir o estigma que ainda cerca as doenças emocionais. É uma campanha que incentiva a prevenção e o tratamento adequados”, destaca a psicóloga Natália Rêgo, do Centro de Tratamento Oncológico.
O diagnóstico de câncer afeta a saúde mental de cerca de 50% dos pacientes, segundo o estudo publicado na The Oncologist, revista científica especializada em oncologia da universidade de Oxford, na Inglaterra.
A pesquisa aponta que a depressão é de duas a quatro vezes mais comum em pacientes com câncer do que na população em geral.
“Dos pacientes oncológicos que têm a saúde mental afetada por causa do câncer, cerca de 60% sofrem de depressão e ansiedade simultaneamente. A ansiedade é mais frequentemente percebida em pacientes com diagnóstico recente de câncer. Já a depressão é mais comum em pacientes em estágios mais avançados da doença”, explica a psicóloga.
“A saúde mental pode ser afetada no momento do diagnóstico, durante o tratamento e até depois, quando o tratamento já foi finalizado”, afirma.
REDE DE APOIO: O PAPEL DA FAMÍLIA E AMIGOS
Ninguém enfrenta o câncer sozinho. Além da equipe de saúde, familiares e amigos precisam estar atentos às necessidades emocionais e práticas do paciente.
“Não é missão fácil e os próprios integrantes dessa rede também precisam estar atentos à sua própria saúde mental. Até porque, mesmo depois de encerrado o tratamento, muitos pacientes continuam lidando com o medo de o câncer voltar”, destaca Natália.
A IMPORTÂNCIA DA FÉ E DA RESILIÊNCIA
Gabriela também aponta a fé como importante no tratamento. “Minha base de tudo e que me mantém de pé e forte diante das adversidades. Cuidar da saúde mental e emocional é a melhor escolha que você pode fazer por si própria, estar bem mentalmente faz você enxergar positividade em meio a um cenário caótico e te faz a pessoa mais forte do mundo, pronta para encarar qualquer obstáculo”.
Jailma finaliza dizendo que: “eu tenho certeza de que a musculação salvou e salva minha vida, é o meu momento de concentração em que olho para mim e me vejo trabalhando meu corpo e minha mente em meu benefício, para que eu me sinta melhor”.
Um estudo de Harvard realizado em 2020 sobre a dieta carnívora vem gerando debates nas…
Conflitos armados, desastres climáticos, epidemias e deslocamentos em massa colocaram o mundo diante de uma…
O Brasil vem enfrentando um aumento de casos de dengue e outras arboviroses nos últimos…
A Anvisa recebeu diversas denúncias sobre mensagens fraudulentas supostamente enviadas por ela, orientando salões de…
Estudos recentes mostram que os tratamentos para diabetes e obesidade estão transformando a indústria farmacêutica…
A Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo confirmou o registro do primeiro caso de…
This website uses cookies.