Linha de Frente

Fiocruz confirma morte por influenza suína no Paraná

O Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) confirmou a primeira morte do ano pelo vírus influenza A(H1N1)v de origem suína, no estado do Paraná. A paciente, 43 anos, que tinha diagnóstico prévio de câncer, vivia próximo a uma fazenda de suínos. Os sintomas de febre, dor de cabeça, dor de garganta e dor abdominal, começaram em 1º de maio. Já no dia 3, ela foi hospitalizada devido à evolução do quadro para infecção respiratória aguda grave. E no dia 4, foi transferida para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu e morreu no dia seguinte.

Enquanto ela ainda estava internada, foi retirada uma amostra de swab nasofaríngeo para teste de influenza e Sars-CoV-2. O exame, realizado pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) do Paraná, apontou que se tratava de um vírus influenza A/H1.

A amostra foi encaminhada para o Laboratório da Fiocruz para a realização de análises complementares e sequenciamento genômico, confirmando o vírus influenza A(H1N1)v, com alta taxa de identidade com vírus coletados de suínos no Brasil em 2015.

“É muito importante ressaltar que este caso não tem correlação com o vírus H5N1, que muito tem se falado nos últimos dias. O H5N1 é o vírus da influenza aviária, atinge predominantemente as aves e até o momento não há registro de casos em humanos no Brasil. O vírus detectado no Paraná é outro, trata-se do H1N1 variante”, frisa Marilda Mendonça, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do IOC/Fiocruz.

O Ministério da Saúde (MS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) receberam notificação do caso. A amostra será enviada ao Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) para posterior caracterização.

Segundo as investigações epidemiológicas, a paciente não teve contato direto com porcos, mas duas pessoas próximas à ela trabalhavam na fazenda de suínos. Os dois contatos não desenvolveram doença respiratória e testaram negativo para influenza. No momento, nenhuma transmissão de humano para humano associada a este caso foi identificada. Em um relatório, a OMS avalia como baixo o risco de transmissão comunitária.

Infecções humanas

Quando seres humanos estão infectados com vírus influenza que normalmente circula entre porcos, esse vírus é chamado de “vírus variante” e é designado pela letra “v”. No caso em questão, influenza A(H1N1)v. Os vírus H1N1, H1N2 e H3N2 de origem suína ocasionalmente infectam humanos, geralmente após exposição direta ou indireta a suínos ou ambientes contaminados. Infecções humanas com vírus variantes tendem a resultar em doença clínica leve.

Até o momento, infecções humanas esporádicas causadas pelos vírus influenza A(H1N1)v e A(H1N2)v foram relatadas no Brasil e não há evidências de transmissão sustentada de pessoa para pessoa. Esta é a primeira infecção humana causada pelo vírus influenza A(H1N1)v relatada em 2023 no Brasil, e a terceira infecção humana relatada no estado do Paraná (a primeira foi em 2021 e a segunda, em 2022). Ambas as identificações foram realizadas pelo Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do IOC.

Não há vacina para infecção por Influenza A(H1N1)v. De acordo com a OMS, a vacina contra a gripe sazonal, administrada anualmente, é capaz de reduzir o adoecimento a partir de infecções pelos vírus da gripe humana e variantes.

Há mais de 60 anos, o Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do IOC/Fiocruz desempenha papel estratégico de vigilância em influenza junto à OMS.

Fonte: Fiocruz

Foto: Freepik

Milena Alves

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