A Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e a Associação Médica Brasileira (AMB) divulgaram resultados preliminares do estudo Demografia Médica no Brasil 2025.
Um dado se tornou preocupante: cerca de 40% dos cursos de especialização médica no país são oferecidos na modalidade de ensino a distância (EAD).
A pesquisa avaliou 2.148 cursos de pós-graduação lato sensu (PGLS) em 373 instituições, apontando que o crescimento da oferta de cursos EAD pode comprometer a formação dos profissionais.
Os dados mostram que os cursos EAD possuem uma duração média de 9,7 meses, inferior à dos cursos presenciais (15,4 meses) e semipresenciais (13,9 meses).
Mais de 90% dos cursos EAD são oferecidos por instituições privadas, com maior concentração nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Segundo o coordenador da pesquisa, Dr. Mário Scheffer, o aumento desses cursos reflete a abertura desordenada de escolas médicas no país, sem a expansão proporcional de vagas na residência médica, que é considerada o caminho mais adequado para a formação de especialistas.
Apesar de o Ministério da Educação (MEC) exigir o credenciamento das instituições, a oferta desses cursos não depende de autorização governamental, o que gera preocupações quanto à qualidade do ensino.
A AMB alerta para o risco de má-formação, com profissionais não devidamente capacitados para exercer funções especializadas.
O presidente da AMB, Dr. Cesar Eduardo Fernandes, defende a criação de um exame de proficiência para garantir a segurança dos pacientes.
A pesquisa também revela que a maioria dos cursos EAD está vinculada a grupos empresariais de educação, gerando um mercado lucrativo que, em muitos casos, não atende às necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS).
Para Scheffer, é essencial regulamentar e definir o papel dos cursos de PGLS, além de reforçar a fiscalização sobre a formação de especialistas.
Fontes: Agência Brasil e Saúde Business
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