Medicamento e Tratamento

Estudo liga semaglutida a aumento de pensamentos suicidas

Um estudo internacional recentemente publicado na revista JAMA revelou uma possível ligação entre o uso da semaglutida e o aumento de pensamentos suicidas.

A pesquisa, conduzida com base em um vasto banco de dados de farmacovigilância, traz à tona preocupações sobre os efeitos psiquiátricos deste medicamento, que vem sendo amplamente utilizado para controle de peso e tratamento de diabetes tipo 2.

DADOS INDICAM AUMENTO DE CASOS PSIQUIÁTRICOS

O estudo analisou dados provenientes do repositório Vigibase, mantido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que contém informações de mais de 28 milhões de pacientes de 140 países.

Foram examinadas mais de 36,1 milhões de notificações, das quais 30.500 estavam relacionadas a eventos adversos associados ao uso da semaglutida.

Entre esses casos, 107 eram eventos psiquiátricos, incluindo 94 relatos de pensamentos suicidas, 7 overdoses deliberadas, 7 tentativas de suicídio e 7 mortes.

Os resultados mostram que 62,5% dos pacientes relataram desaparecimento dos pensamentos suicidas após a interrupção da medicação, o que sugere uma possível relação entre o uso da semaglutida e esses efeitos adversos.

A razão de chances (ROR) calculada foi de 1,45, indicando uma desproporção significativa em relação a outras drogas.

AUMENTO DAS NOTIFICAÇÕES NOS ÚLTIMOS ANOS

O estudo também revelou que a taxa de ideação suicida associada ao uso de semaglutida aumentou consideravelmente, passando de 0,09% em 2014 para 0,4% em 2023.

Esse crescimento, aliado ao aumento das prescrições da droga, chamou a atenção de agências reguladoras como a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA).

Ambas as agências revisaram os dados, mas concluíram que, até o momento, não há evidências suficientes para estabelecer uma relação causal entre a semaglutida e os eventos psiquiátricos.

No entanto, elas destacaram que não é possível descartar completamente um pequeno risco, especialmente em pacientes com histórico de transtornos mentais.

LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES

Embora os resultados sejam considerados significativos, os pesquisadores e as agências reguladoras fizeram ressalvas importantes.

Uma delas é que muitos ensaios clínicos tendem a excluir participantes com transtornos psiquiátricos preexistentes, o que pode distorcer a avaliação dos efeitos do medicamento.

Além disso, comorbidades dos pacientes também podem influenciar os registros.

Diante disso, os especialistas recomendam que o uso da semaglutida continue sob prescrição médica, mas com um acompanhamento mais próximo dos pacientes.

Profissionais de saúde devem estar atentos ao agravamento de sintomas depressivos e relatar quaisquer eventos adversos.

A investigação continua em andamento, e novos estudos poderão trazer mais clareza sobre a real extensão dos riscos psiquiátricos associados ao medicamento.

LEIA O ESTUDO PUBLICADO AQUI!

Fonte: CFF

Romeu Lima

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