Quando falamos sobre espiritualidade, devemos esclarecer que há uma diferença com religiosidade. Elas têm uma certa relação, mas não são iguais. Enquanto a religiosidade é a ligação que as pessoas têm com determinada religião, seguindo seus dogmas, crenças e práticas. A espiritualidade tem uma relação com a essência do ser humano, seu propósito de vida. Elas duas tendo uma relação, claro que a pessoa pode encontrar sua espiritualidade na religião como encontrar sua religião na espiritualidade.
A psicóloga Mariella Nogueira Braga, doutora em Psicologia Comportamental explica que a espiritualidade vai além: “Desenvolver a nossa espiritualidade, quer dizer a nossa conexão interior com algo maior, com a força da nossa evolução. Quando você está conectado em evoluir, presente nessa busca de evolução, de melhoria como ser humano, de buscas internas, de não se permitir ter erros, como falta de generosidade, falta de atenção com o outro e responsabilidade afetiva, desonestidade.”
Amanda tem 32 anos, é advogada e trabalha no interior do Pará. Ela tem uma forte ligação espiritual, mas não se considera uma pessoa religiosa, já que acredita que: “Cristo está em todos os lugares, basta que o busquemos. Num templo, sozinhos, numa reunião com amigos e familiares. Eu frequento qualquer igreja, que esteja inclinada a Cristo.” E relatou como a espiritualidade ajudou com duas doenças as quais ela foi diagnosticada durante sua vida. A depressão crônica com 18 anos e o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) aos 22 anos.
Ela conta que a depressão desencadeou justamente pela falta do diagnóstico do TDAH e que lhe causou sintomas como: baixa autoestima, prejuízos na vida educacional, emocional e impulsividade. Ela se sentia que não se encaixava no mundo típico, mas não sabia o que era, isso gerou uma enorme frustração e crises. Ela foi a mais de 10 profissionais da saúde mental, inclusive fora do Pará para conseguir tratar essas doenças e assim chegou à espiritualidade para tratar junto com a medicina. “Eu acredito que a medicina tradicional anda de mãos dadas com a espiritualidade. Para mim a saúde tem dois pilares, a espiritualidade e a medicina. Desde criança, eu fui influenciada pela minha avó, nós sempre rezamos, ela me ensinou todo tipo de terço e a minha mãe levávamos todos os domingos a missa. Eu cresci olhando, pedindo e agradecendo ao sagrado.”
Desde 1980, inúmeros documentos de pesquisas científicas pelo mundo que associam a espiritualidade e saúde e que gradativamente vêm evoluindo. As pesquisas mostram que pessoas adoecem menos, e se adoecem, se recuperam mais rápido e desenvolvem menos depressão e adquirem hábitos de vida mais saudáveis, quando tem espiritualidade bem desenvolvida ao longo da sua vida.
A psicóloga cita que: “É fundamental para o nosso bem-estar porque ela traz, como eu já disse anteriormente, conexão. Ela traz um centramento. Um senso de responsabilidade com a minha missão de vida, que é evoluir como pessoa, como ser humano. E quando a gente pensa em evoluir, eu preciso melhorar, melhorar os cuidados comigo, melhorar os cuidados com o outro, a forma como me trato e trato as outras pessoas. Então a nossa saúde depende muito dessa crença. Na crença de que eu preciso, posso e devo buscar uma evolução.”
Amanda conta que a história mais recente foi no centro espírita, ano passado. “Estava com crise de depressão, uma das piores que já tive, estava tomando mais de 8 medicações por dia. Estava exausta de tudo. Pedi a Deus uma direção para aquele sofrimento acabasse. Vi uma postagem sobre um centro espírita, pesquisei um perto de casa, fui no mesmo dia, era o dia da maca (tratamento espiritual), fui atendida por umas 4 pessoas, que durou mais de 1 hora, as únicas coisas que usavam eram as mãos. Quando acabou de forma inexplicável, toda dor emocional, física, pensamento suicida, tristeza e angústias tinham desaparecido. Como se eu tivesse tomado uma pílula para dor de cabeça.”
A psicóloga Mariella explica as consequências quando a pessoa está fortemente ligada ao espiritual. “A mente responde a isso de uma forma muito incrível e muito positivada. Os estudos neurocientíficos a respeito dessa resposta já são muito claros. A mente gosta disso, a mente precisa disso. Isso amplia redes neurais que trazem bem-estar. Amplia as redes neurais que trazem pensamentos cada vez mais positivos e consequentemente emoções mais positivas e consequentemente comportamentos mais positivos, né? Então esse encadeamento comportamental, pensamento, emoção e ação, é muito afetado positivamente pelo desenvolvimento da espiritualidade.”
Isso não significa que a pessoa deva largar a medicina tradicional e focar somente na espiritualidade, mas que a melhor forma para tratar alguma enfermidade é usando os dois conhecimentos juntos. Sempre buscando um profissional especialista na doença para indicar o melhor tratamento que se adeque a pessoa e procurando uma fonte de espiritualidade, que possa ser encontrada com familiares, amigos, instituições religiosas, livros, etc.
Atualmente, há mais de 40 ligas acadêmicas que desenvolvem atividades em instituições públicas ou privadas no Brasil, além de cursos de medicina e de outras áreas da saúde que contam com disciplinas que abordam a espiritualidade, além de programas de pós-graduação em saúde e espiritualidade.
Por último, Amanda finaliza contando “Como disse não tenho religião, eu sou cristã. Eu frequento missas, cultos e eventualmente vou na casa espírita. A cada história que tenho que envolve fé e espiritualidade, me sinto mais fortalecida e a vida vai ficando leve.”
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