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Em tempo de pandemia, o que você tem feito?

Há mais de um ano o mundo mudou. Lojas fechadas, aulas suspensas e a recomendação de que as pessoas deveriam ficar em casa, como forma de prevenir a contaminação pelo novo coronavírus, mudaram a rotina de muita gente. O isolamento social, porém, pode trazer outro problema: os impactos na saúde mental.

Cada um reage de uma maneira diferente a situações estressantes. Como você responde à pandemia pode depender da sua história de vida, das suas características e da comunidade em que você vive, destacam especialistas brasileiros da área da saúde da Universidade de São Paulo.

A maior preocupação desses profissionais é com os grupos que podem responder mais intensamente ao estresse desta crise, ou seja, idosos e as pessoas com doenças crônicas. Mas, pensamentos negativos e medos causados pela realidade atual podem influenciar o estado mental de qualquer pessoa, porque também incluem preocupação com a questão financeira, medo de adoecer, sentimentos de desesperança e tédio, ansiedade.

As consequências mais comuns começam com alterações de sono, falta de concentração nas tarefas diárias e reações de estresse. Convencidos de que cuidar da saúde mental se tornou uma necessidade do “novo normal”, o que poderia nos ajudar a atravessar este mar vermelho?

O QUE FAZER? – Fernanda Benquerer, psiquiatra e técnica distrital em Psiquiatria da Secretaria de Saúde da USP, dá algumas dicas de como aumentar o bem-estar neste período de isolamento social. “Planeje uma rotina mesmo que fique dentro de casa. Se estiver em trabalho remoto, faça pausas e se movimente durante o período de trabalho. Sugerimos pausas de cinco minutos a cada uma hora de trabalho, e preferencialmente que as pausas sejam ativas”, orienta. A psiquiatra também aconselha que as pessoas evitem ficar muito focadas em notícias sobre a pandemia. “Busque informações sobre outros assuntos. Mas, caso venha a procurar notícias sobre o coronavírus, vá a fontes oficiais e seguras e evite as notícias sensacionalistas”, detalha.Fernanda também pede que as pessoas tenham cuidado ao passar informações para crianças e idosos. “Proteja suas crianças, sem fomentar nelas o medo ou o pânico. Ofereça espaços para que elas expressem seus medos e fantasias em relação ao tema. Ensine de forma lúdica e simples como ela pode se proteger”, orienta.

SEM ESTRESSE – Para relaxar, ela sugere que as pessoas busquem atividades como meditação, ouvir música, assistir a filmes e até mesmo aproveitar o momento para fazer cursos online. Organizar a casa, como aqueles armários que há muito tempo não mexe, também é uma boa saída para ocupar a cabeça.A médica também orienta buscar formas de ajudar a sua comunidade, incluindo familiares, vizinhos, trabalhadores. “A solidariedade e a cooperação auxiliam os dois lados e aumentam a satisfação e os vínculos sociais”, complementa a psiquiatra.

AJUDA – A profissional, porém, sugere ainda que as pessoas procurem ajuda se estiverem em sofrimento importante. “Não me refiro só à ajuda médica. Pode ser atendimento psicológico também. Inclusive os psicólogos já estão autorizados a teleatendimento há alguns anos, a regulamentação médica é que é bem recente. Na Secretaria de Saúde há algumas propostas sendo estruturadas. Os serviços de saúde mental da rede estão funcionando”, destaca.

Talytha Araujo

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