Há pelo menos dois anos e meio, o Dr. Consulta e o fundador Thomaz Srougi pareciam estar em um cenário ruim, mas o negócio de clínicas populares mudou de comando. At então, os investidores estavam começando a ficar insatisfeitos e, inclusive, uma conversa sobre mandato para a venda da companhia circulou pelo mercado.
Na crise, os sócios queriam quebrar a narrativa externa, mas se recusaram a abrir os dados financeiros. Mas como uma das primeiras e mais promissoras healthtechs do país, o Dr. Consulta ia ficar pelo caminho?
Mas essa dúvida pode estar com os dias contados. “O Dr. Consulta é lucrativo, mas não só isso. É o único que dá lucro”, garante o chairman Srougi, citando as americanas One Health e Oak Street — que são as duas companhias listadas também atuam no modelo de clínicas para a atenção primária, mas ainda queimam caixa. Na bolsa, valem US$ 3 bilhões e US$ 7,5 bilhões, respectivamente.
O Dr. Consulta conseguiu abrir algumas cifras pela primeira vez. A startup chegou ao breakeven ao fim de 2019, e desde então, vem aumentando a rentabilidade. A companhia deve fechar o ano com R$ 315 milhões e margem Ebitda de 10%. Em 2020, a healthtech chegou a faturar R$ 261 milhões, com margem de 3%.
A virada agrada investidores que apostou na rede. Nessa lista está Jorge Paulo Lemann, Nizan Guanaes, Renato Velloso (um dos criadores da OdontoPrev e atual CEO do Dr. Consulta), David Vélez, Mark Benioff, Daniel Goldberg e fundos como Belfer Management, Kaszek, LGT Lightrock e Madrone Capital Partners, da família Walton, fundadora do Walmart. A startup já levantou US$ 110 milhões com os investidores.
O Dr. Consulta vai expandir a oferta de serviços aos clientes, com uma fonte de receita mais recorrente. A companhia adquiriu a startup Cuidar.me, que é uma operadora de planos de saúde fundada pelo cirurgião Marcus Vinícius Gimenes — um ex-aluno do urologista Miguel Srougi, pai de Thomaz.
A companhia adquiriu 27,5% da Cuidar.me, e o valor ainda não foi revelado. As aquisições de operadoras de planos de saúde precisam ser aprovadas pela ANS, por isso, a transação foi feita por um instrumento de dívida conversível em ações. O contrato prevê a aquisição integral da operadora de plano de saúde, que poderá ser executada em um ano e meio.
Com a Cuidar.me no negócio, o Dr. Consulta deve complementar uma necessidade de parte dos clientes, que também desejavam uma oferta de tratamento hospitalar, transformando a companhia em uma operadora semi-verticalizada, diz Velloso.
Ao lado da Cuidar.me, a transação também é complementar: quando surgiu, a operadora oferecia apenas planos de saúde voltados a hospitais que não tinham clínicas de atenção primária. “O paciente recebe a atenção básica no Dr. Consulta, mas pode ter acesso à alta complexidade nos hospitais. E conseguimos fazer isso ao unir o melhor dos dois mundos, sem precisar de capex em hospital”, afirma o CEO.
A forma de pagamento de consultas a preços populares que tornou o Dr. Consulta conhecido ainda existe, porém, agora os pacientes também podem assinar o plano de saúde, com uma vantagem de 30% sobre concorrentes — o plano custa R$ 169,99 por mês. Atualmente, a Cuidar.me conta com mil vidas em seu portfólio, mas a expectativa é chegar a 12 mil em 2022 – o que daria uma receita de R$ 24,4 milhões.
Segundo a Cuidar.me, a sociedade significa acesso a uma base de potenciais clientes. Com mais de 4 milhões de pacientes cadastrados, o Dr. Consulta atendeu 900 mil pacientes únicos em 2021 e 2,3 milhões de visitas. Provavelmente, parte desses usuário vão migrar do modelo de consulta avulsa para o plano de saúde.
Para a relação com os hospitais, a Cuidar.Me estabeleceu um modelo de pagamento ainda mais eficiente que a conta aberta comumente usado na indústria. Ao invés de deixar os gastos com pacientes livre, o que, às vezes, provoca discórdia entre hospitais e planos e glosas de todo tipo, a startup de planos de saúde fica um preço a cada procedimento, e isso acaba desestimulando o uso de procedimentos sem necessidade.
“Se o tratamento ficar acima do determinado, pior para o plano. Se ficar abaixo, melhor”, explica Velloso. A forma de atuação na redução do custo médico foi o que chamou a atenção do Dr. Consulta. O tema é uma das prioridades de Velloso, além de ser um dos responsáveis pela rentabilidade.
Nos últimos anos, o Dr. Consulta se esforçou para aproveitar a base de dados de milhões de clientes, e criou uma inteligência artificial que consegue prever a demanda com três semanas de antecedência, e atinge uma ocupação de 94% e um NPS de 84. A IA já consegue montar a agenda dos médicos no modo automático e usa dados como a previsão do tempo e a movimentação do trânsito para projetar o grau de comparecimento.
Para o Dr. Consulta, com a ajuda dos dados, a melhora das margens está apenas no início. Uma retomada da expansão da rede ainda não está descartada. A companhia já chegou a ter 57 clínicas, o que ajudou a conhecer melhor os clientes, porém, acabou enxugando o número para 35. As unidades estão concentradas em São Paulo, mas a startup também tem um pé em Belo Horizonte e no Rio, onde há oportunidades de crescimento.
Fonte: Valor econômico
Foto: Dr. Consulta/Divulgação
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