A companhia americana UnitedHealth Group, dona da Amil, está com pretensão de deixar o Brasil. O grupo solicitou ao banco BTG que avaliasse os possíveis compradores de todas as suas operações no país, o que inclui não só a operadora, mas também todos os hospitais e clínicas, segundo fontes. A Rede D’Or seria uma das interessadas, mas além dela, há também instituições financeiras de renome nacional.
O último entrave para essa venda já não existe mais: a negociação da deficitária carteira dos planos individuais da Amil, com 337 mil usuários, agora operada pela APS (Assistência Personalizada à Saúde) desde o dia primeiro de janeiro. A UnitedHealth desembolsou R$ 3 bi, de acordo com fontes, para capitalizar a operadora paulista que faz parte do grupo, porém, até o momento, tinha apenas 11 mil clientes, segundo o veículo de investimento Fiord Capital.
Além da Amil, que conta com uma carteira de 5,7 milhões de usuários, 15 hospitais e 53 centros ambulatoriais, a UnitedHealth conta também com a Américas Serviços Médicos que contabiliza 16 hospitais e 41 clínicas médicas, espalhados em seis estados brasileiros, somando uma estrutura de 2.332 leitos e mais de 17 mil profissionais.
De acordo com as fontes, um dos maiores interessados na UnitedHealth, seria a Rede D´Or, atualmente a maior rede de hospitais privados do país.
A ideia à princípio seria que a rede comprasse todos os ativos da Amil e negociasse a venda da carteira dos planos de saúde para outras operadoras.
Segundo essa fonte, seria como uma triangulação, “compra tudo, mas com uma parte já vendida”. A ideia é que a Rede D’Or fique com os hospitais e faça a negociação da carteira dos planos de saúde.
A concentração do mercado hospitalar a partir dessa negociação pode provocar um entrave para a aprovação no Cade. O motivo seria porque em alguns locais como Rio e Distrito Federal, Amil e Rede D’Or passariam a ter juntas quase 100% de participação de mercado entre os hospitais de nível de médio e alta complexidade.
Mas apesar disso, a Rede D’Or, não é a única interessada nos ativos do UnitedHealth. Além da Rede D´Or, outros grupos como a Dasa (dona da rede Ímpar, controlada pela família Bueno, fundadora da Amil), Hospital Mater Dei e Hospital Care, rede Alliar (que tem Nelson Tanure como acionista) também podem entrar na disputa por essa compra.
Fontes do mercado dizem que a Dasa estaria tentando trazer uma executiva da área de uma das maiores operadoras do setor, indicando que o grupo teria interesse em voltar a ter a operação do plano de saúde.
O UnitedHealth Group poderia ter sondado o interesse de Bradesco, SulAmérica e Hapvida, além de administradoras para adquirir a carteira da Amil.
Outra fonte cogitou a possibilidade de vender separadamente a operadora e o grupo que administra hospitais e clínicas.
Fontes do mercado dizem que os ativos da Amil são importantes, pois podem permitir dar escala a quem comprar. “O nome do jogo em saúde é escala e sinergias. Quanto mais sinergias conseguir, mais importante é a operação”, explicou a fonte.
Um executivo do setor avalia que o mercado brasileiro é muito desafiador para empresas estrangeiras, além da insegurança jurídica, uma cultura diferente na forma de fazer negócio. Ele lembra que várias tentaram operar no Brasil e saíram, como, por exemplo, a Cigna, que vendeu a operadora Amico, de planos de saúde para a classe média, para a própria Amil.
Rede D’Or e Dasa não se manifestaram sobre o assunto.
Fonte: Exame.
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