Doenças

Doença da “urina preta”: entenda o que é e saiba como se prevenir

Os recentes casos suspeitos da Síndrome de Haff, conhecida como doença da “urina preta”, causada por uma toxina encontrada em peixes ou crustáceos, traz um alerta para a população paraense. A Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) investiga três casos suspeitos da síndrome sendo eles em Belém, Santarém e Trairão. Os exames sanguíneos e de urina dos casos suspeitos foram encaminhados para Laboratório Central do Estado do Pará (Lacen) e aguarda os resultados.

Os casos estão sendo monitorados pelo Departamento de Vigilância à Saúde (Devs) e pela Vigilância Sanitária (Devisa) da Sesma e também pelo Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS) do Estado.  

O médico infectologista Lourival Marsola explica que a síndrome é causada quando peixes, tanto de água doce quanto água salgada, se contamina com toxinas. “A síndrome é basicamente relacionada com uma lesão de caráter variável quanto ao seu grau que acomete os músculos e os órgãos, gerando um aumento muito grande de algumas enzimas no sangue. É importante também a gente lembrar que quando você ingere um peixe que esteja com essa toxina no organismo não adquire um sabor diferente. Então você não tem como saber pelo sabor da comida. É um diagnóstico muito difícil de fazer porque ele não é uma doença relativamente frequente, é uma doença rara”, explicou.

O infectologista afirma que os sintomas se manifestam principalmente por cãibras, dores musculares e fadiga. “Em relação aos sintomas ele é muito variado. A gravidade da doença pode variar desde quadros leves até quadros, infelizmente com mortes. Os sintomas se manifestam basicamente por cãibras, dores musculares e fadiga, que é aquela indisposição e dores de cabeça. A pessoa observa a urina escura, chegando a ficar com a cor de café ou mesmo avermelhada. É fundamental que a pessoa que sinta esses sintomas procure um atendimento médico para que seja investigado e consiga fazer avaliação e os exames necessários para iniciar tratamento o mais rapidamente possível”, ressaltou.

Lourival explica que não existe um tratamento específico para esse quadro. “Basicamente será realizada a ingestão de medicamentos para dores e também será utilizada medicações para tentar neutralizar as sequelas ou ação dessas enzimas no sangue que podem prejudicar os rins. Para diminuir essa toxina, é recomendada muita hidratação. É importante que a pessoa esteja sob supervisão e orientação médica”, orientou.

Além de casos suspeitos em Belém, um homem morreu na última terça-feira (7) em Santarém, no oeste do Pará, com a suspeita da doença. O Hospital Municipal de Santarém informou que o homem apresentava sintomas de dores musculares nas pernas semelhantes a câibras, porém as dores musculares aumentaram, apresentando piora no quadro, seguido de insuficiência urinária  e o escurecimento da urina.

A Sespa informa que em caso de sintomas como dor muscular intensa na costa e membros inferiores, urina de cor escura associada a ingestão de pescado em até 24h é necessário buscar atendimento imediatamente na rede pública de saúde do município.

A recomendação das autoridades é não ingerir alimentos com origem, transporte e armazenamento desconhecidos, como forma de prevenção. Quatro municípios do Pará Juruti, Terra Santa, Faro e Óbidos, região oeste do estado, já emitiram alertas sobre o consumo de peixes e reforçaram a atenção no comercio e consumo do pescado para prevenir a doença.

Confira a lista de espécies de peixes que podem transmitir a Síndrome de Haff, segundo estudos científicos:

  • Badejo
  • Tambaqui
  • Pirapitinga
  • Pacu Manteiga
  • Peixe olho de Boi
  • Arabiana

Alessandra Fonseca

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