Matéria Especial

COP 30: como o clima afeta sua saúde e o futuro do planeta

Shanghai, late afternoon, view of the pollution from the sky.

As mudanças climáticas não são apenas um problema ambiental. Elas já estão afetando diretamente a saúde humana, com impactos que vão desde o aumento de doenças crônicas até a mortalidade em decorrência de ondas de calor extremo.

Com a COP 30 marcada para acontecer em Belém do Pará, é urgente discutir como proteger a população dos efeitos do aquecimento global.

ONDA DE CALOR: UM RISCO REAL PARA A SAÚDE

Um estudo recente realizado pela Fiocruz no Rio de Janeiro mostrou que as altas temperaturas estão diretamente relacionadas ao aumento da mortalidade, especialmente entre idosos e pessoas com doenças crônicas como hipertensão, diabetes e insuficiência renal.

Quando a temperatura ultrapassa os 40°C por mais de quatro horas, o risco de morte por essas doenças aumenta em 50%.

Em níveis ainda mais extremos, como o Índice de Calor acima de 44°C, o risco pode dobrar. O estudo também destacou que o tempo de exposição ao calor intenso é um fator crucial.

A criação de uma nova métrica, chamada Área de Exposição ao Calor (AEC), mostrou que o risco de morte aumenta significativamente com o tempo de exposição.

Por exemplo, idosos expostos a uma AEC de 64°Ch têm um risco 50% maior de morte por causas naturais, e esse risco dobra com uma AEC de 91,2°Ch.

IMPACTOS IMEDIATOS E DE LONGO PRAZO

Segundo a especialista em saúde ambiental, o aumento global da temperatura já está causando impactos significativos na saúde humana.

Ondas de calor intenso, frio extremo, chuvas torrenciais e secas severas são alguns dos eventos climáticos que afetam diretamente o sistema cardiorrespiratório, especialmente de idosos, crianças, gestantes e pessoas com doenças crônicas.

Além disso, o aumento das temperaturas está expandindo a área de atuação de mosquitos transmissores de doenças como a dengue, o que pode levar a um aumento de casos em regiões que antes não eram afetadas.

A professora também alerta para o risco de agravamento de doenças respiratórias e circulatórias, que podem levar a mais internações e mortes.

POPULAÇÕES VULNERÁVEIS E DESIGUALDADES SOCIAIS

Populações de baixa renda são as mais impactadas pelas mudanças climáticas. Fatores como moradias precárias, falta de acesso a áreas verdes e dificuldades em manter a hidratação adequada aumentam a vulnerabilidade desses grupos.

Trabalhadores expostos ao sol, como vendedores ambulantes, e pessoas em situação de rua também estão em risco elevado.

O QUE PODE SER FEITO?

A adaptação das cidades aos efeitos das mudanças climáticas é essencial. Medidas como a disponibilização de pontos de hidratação e resfriamento, a adaptação de atividades de trabalho e a suspensão de atividades de risco em dias de calor extremo são algumas das ações que podem ser tomadas para proteger a população.

Além disso, é fundamental investir em políticas públicas que reduzam as emissões de gases de efeito estufa e promovam a transição para energias limpas.

O plantio de árvores em larga escala, a criação de praças e parques e a restauração florestal são medidas que podem ajudar a mitigar os efeitos do aquecimento global.

COP 30: UM MARCO PARA A SAÚDE E O CLIMA

A COP 30, que será realizada em Belém do Pará, é uma oportunidade única para discutir como as mudanças climáticas estão impactando a saúde humana e o que pode ser feito para proteger a população.

A conferência deve focar em ações urgentes e coordenadas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e promover a adaptação das cidades aos eventos climáticos extremos.

CUIDADOS PESSOAIS DURANTE ONDAS DE CALOR

Enquanto as políticas públicas são essenciais, os cuidados pessoais também são fundamentais para proteger a saúde durante as ondas de calor. Algumas dicas incluem:

  • Manter a hidratação constante, bebendo água regularmente.
  • Evitar atividades físicas extenuantes durante os horários mais quentes do dia.
  • Usar roupas leves e de cores claras.
  • Procurar ambientes frescos, como shoppings e centros comunitários, durante os picos de calor.

O FUTURO DA SAÚDE EM UM MUNDO MAIS QUENTE

As mudanças climáticas já são uma realidade, e seus impactos na saúde humana são cada vez mais evidentes.

Com a COP 30 se aproximando, é crucial que governos, organizações e a sociedade civil trabalhem juntos para proteger a população dos efeitos do aquecimento global.

A saúde do planeta e a saúde das pessoas estão intrinsecamente ligadas, e só com ações urgentes e coordenadas será possível garantir um futuro seguro para todos.

Fontes: Agência Fiocruz de Notícias, CNN, Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, BBC e Ministério da Saúde

Romeu Lima

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