Dados do recente relatório “Álcool e Saúde dos Brasileiros: Panorama 2023”, elaborado pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), revelam mudanças preocupantes no padrão de consumo de álcool no Brasil entre 2010 e 2021.
De acordo com o levantamento, o número de mortes de mulheres por 100 mil habitantes causadas pelo consumo de álcool aumentou em 7,5% durante esse período. Por outro lado, o número de homens que vieram a óbito em razão da bebida registrou uma queda de 4,8%.
Ao considerar ambos os sexos, houve uma redução geral no número de mortes e internações decorrentes do consumo de bebidas alcoólicas, apresentando quedas de 4,8% e 8,8%, respectivamente.
A análise detalhada do relatório revela que o consumo excessivo de álcool entre mulheres tem sido motivo de preocupação para profissionais de saúde em todo o mundo. A taxa de internações de mulheres aumentou em 5%, enquanto os homens apresentaram uma redução de 13%.
Embora os homens ainda sejam as maiores vítimas do consumo nocivo de álcool, especialistas destacam a necessidade urgente de medidas específicas para prevenir o uso abusivo de álcool pelas brasileiras. O presidente do CISA, Arthur Guerra, destaca a importância de entender as razões por trás desse aumento no consumo entre mulheres para desenvolver estratégias eficazes de prevenção.
O consumo nocivo de álcool pode ter consequências graves, como acidentes de trânsito, violência física e sexual, e o desenvolvimento de doenças como cirrose, problemas no fígado, inflamações no pâncreas, lesões gastrointestinais, doenças cardiovasculares, danos cerebrais, osteoporose e até alguns tipos de câncer.
As mulheres são particularmente vulneráveis aos efeitos negativos do álcool, devido a diferenças biológicas, como maior concentração de gordura corporal, menor quantidade de água em circulação e menor quantidade de enzimas que metabolizam o álcool no estômago.
Embora tenha havido uma redução no consumo perigoso de álcool em 2021 após um aumento em 2020, ainda há necessidade de diminuir as internações associadas ao álcool.
O relatório destaca a falta de políticas públicas específicas voltadas para a prevenção e tratamento de mulheres dependentes de álcool. Além disso, a preocupação com o início precoce do consumo de álcool em adolescentes é realçada, e a necessidade de envolver famílias e aumentar a fiscalização é ressaltada como uma estratégia de prevenção.
O relatório aponta ainda disparidades regionais no uso de álcool, com alguns estados brasileiros apresentando taxas acima da média nacional de óbitos e hospitalizações relacionadas ao consumo nocivo de álcool.
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