A agência das Nações Unidas que combate o crime e o abuso de drogas (UNODC) divulgou na quarta-feira o seu Relatório Mundial sobre Drogas, revelando um aumento alarmante no consumo e no tráfico de drogas em todo o mundo.
O relatório destaca que cerca de 300 milhões de pessoas são usuárias de drogas atualmente.
Segundo o relatório do UNODC, o número de usuários de drogas ilícitas cresceu para 292 milhões na última década.
A cannabis é a droga mais consumida, com 228 milhões de usuários, seguida por opioides (60 milhões), anfetaminas (30 milhões), cocaína (23 milhões) e ecstasy (20 milhões).
Este crescimento no consumo é acompanhado por um aumento nas mortes por overdose, especialmente devido ao surgimento dos nitazenos, opiáceos sintéticos mais perigosos que o fentanil.
O relatório aponta que comunidades deslocadas, pobres e migrantes são as mais afetadas pela atividade criminosa associada ao tráfico de drogas.
Muitas vezes, essas comunidades são forçadas a cultivar ópio ou extrair recursos ilegalmente para sobreviver, o que pode levar ao consumo de drogas ou a dívidas com grupos criminosos.
O tráfico de drogas também contribui para a degradação ambiental através do desmatamento, despejo de resíduos tóxicos e contaminação química.
O Triângulo Dourado, uma região no Sudeste Asiático, é um exemplo de como traficantes integram suas atividades em outros mercados ilegais, exacerbando problemas ambientais e sociais.
A produção de cocaína atingiu um recorde em 2022, com 2.757 toneladas produzidas – um aumento de 20% em relação ao ano anterior.
Esse aumento tem sido acompanhado por uma onda de violência em países ao longo da cadeia de abastecimento, especialmente no Equador e nas Caraíbas, e por problemas de saúde em alguns países europeus.
A legalização da cannabis em países como Canadá, Uruguai e em várias jurisdições dos Estados Unidos levou a um aumento do uso nocivo da droga, associado a um alto teor de THC.
Esse fenômeno está ligado a um aumento nas tentativas de suicídio entre consumidores regulares de cannabis.
No relatório revelou dados alarmantes sobre o impacto do consumo de álcool.
Mais de três milhões de mortes anuais foram atribuídas a essas substâncias, com o consumo de álcool sendo responsável por 2,6 milhões dessas mortes.
Isso representa quase 5% de todas as mortes, com as maiores taxas registradas nas Regiões Europeia e Africana da OMS.
A maioria esmagadora dessas mortes ocorreu entre homens, especialmente na faixa etária dos 20-39 anos.
Isso demonstra uma tendência preocupante entre jovens adultos, os mais vulneráveis aos riscos associados ao consumo dessas substâncias.
As taxas de mortalidade foram significativamente mais altas em países de baixo rendimento e mais baixas em países de elevado rendimento.
Essa disparidade econômica ressalta a necessidade de políticas de saúde pública mais eficazes e acessíveis em regiões menos favorecidas.
“O consumo de substâncias prejudica gravemente a saúde individual, aumentando o risco de doenças crónicas e problemas de saúde mental, e resultando tragicamente em milhões de mortes evitáveis todos os anos”, afirmou o Diretor-Geral da OMS.
Ele acrescentou que essas mortes representam um pesado fardo para as famílias e comunidades, aumentando a exposição a acidentes, ferimentos e violência.
Cerca de 400 milhões de pessoas vivem com transtornos relacionados ao uso de álcool e drogas em todo o mundo, sendo que mais da metade sofre de dependência de álcool.
Apesar disso, a cobertura de tratamento para esses transtornos é incrivelmente baixa, com menos de 35% das pessoas afetadas tendo acesso aos serviços necessários.
O relatório da OMS apela a uma ação global acelerada para alcançar a meta 3.5 do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030.
Isso inclui reduzir o consumo de álcool e drogas e melhorar o acesso a tratamentos de qualidade para os transtornos por uso de substâncias.
Para acelerar o progresso, a OMS enfatiza a necessidade de uma campanha global de sensibilização, o fortalecimento da capacidade dos sistemas de saúde e a formação de profissionais de saúde.
Também é essencial a mobilização de recursos e um compromisso renovado com a implementação do Plano de Ação Global para o Álcool 2022-2030.
“Para construir uma sociedade mais saudável e equitativa, devemos comprometer-nos urgentemente com ações ousadas que reduzam as consequências negativas para a saúde e sociais do consumo de álcool e tornem o tratamento para transtornos por uso de substâncias acessível e acessível”, concluiu o Diretor-Geral da OMS.
A Diretora Executiva do UNODC, Ghada Waly, enfatiza a necessidade de fornecer tratamento e apoio baseados em evidências a todas as pessoas afetadas pelo uso de drogas, ao mesmo tempo, em que se combate o mercado de drogas ilícitas e se investe na prevenção.
O UNODC apela aos governos, organizações e comunidades para colaborarem na implementação de políticas eficazes baseadas na ciência e nos direitos humanos.
Nesta quinta-feira (21), o Ministério da Saúde oficializou a criação de um Grupo de Trabalho…
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) busca ampliar a infraestrutura nacional em diversas áreas,…
O programa Fioantar, conduzido pela Fiocruz, deu início a uma nova etapa nesta quarta-feira (20).…
No dia 13 de dezembro de 2024, a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização…
A Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FN-SUS) está liderando uma importante missão para…
O câncer do colo do útero, terceiro mais comum entre as mulheres no Brasil, tem…
This website uses cookies.