Famoso por sua música, Cazuza tinha razão em uma coisa: “O tempo não para” e se prestarmos atenção ao que ele diz, nós deveríamos estar preparados para como o tempo nos afeta. Mas será que estamos fazendo isso de forma correta? Vamos conhecer agora duas mulheres com mais de 70 anos e suas histórias que até certo um ponto, são distintas.
Emina Oliveira, com 79 anos, atualmente é aposentada, mas por 59 anos foi comerciante. Já Lenir Gomes, com 75 anos, também aposentada, era professora para classes especiais em escola pública. Até aqui, são duas mulheres trabalhadoras, aposentadas, mas a semelhança para aí.
Lenir que tem na sua rotina, cuidar da casa agora, falou de forma direta que o processo de envelhecimento foi muito mal, que não tem perspectivas sobre, e que durante a sua vida ativa não fez nada para que isso acontecesse de forma saudável. Acredita-se que como dona Lenir, milhares de outras pessoas acima dos 70 anos, também tenham feito o mesmo. Trabalhavam, não praticavam alguma atividade física, não se preocupavam com sua saúde mental e que provavelmente só iam ao médico quando estavam doentes.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em sua última pesquisa diz que a população brasileira já está na fase de envelhecimento, quando há mais pessoas idosas que as demais. E que infelizmente, o Brasil não se preparou e não parece que tem planos para se preparar para as consequências dessa ação.
Ao contrário de Lenir, que não teve uma boa experiência com o tempo em sua vida. Dona Emina cita que enxergou o processo de envelhecimento com naturalidade: “Pra mim não existe o envelhecimento, o que existe é uma troca de idade, pois hoje ainda faço coisas que fazia à anos atrás, porém há coisas também que já não faço, devido as dificuldades da idade. Tudo é um processo na qual temos que nos amar e nos aceitar. Quando o envelhecimento bate na sua porta ela não pede pra entrar, ela já chega chegando.”
Aqui temos dois problemas, a falta de orientação que as pessoas não recebem para poderem cuidar de si mesmas para que possam ter uma vida mais confortável no futuro e o país que sofrerá as consequências pelo despreparo para a onda de pessoas idosas necessitadas que virá.
O famoso gerontólogo Alexandre Kalache que foi ex-diretor do Programa Global de Envelhecimento e Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), acredita que temos que mudar primeiramente o pensamento do nosso futuro e ter planejamento: “Países desenvolvidos primeiro enriqueceram para poder envelhecer. As pessoas serão na velhice o produto de tudo que aconteceu na sua vida antes e nós estamos envelhecendo com pobreza e crescente desigualdade”
Mesmo que o governo não esteja se adequando ao aumento de idosos no Brasil o que consequentemente pode trazer mais pessoas doentes, incapacitadas e que vão precisar de cuidados. O brasileiro pode fazer algo por si mesmo. Emina pode ser dada como exemplo. Ela se amou e se aceitou do jeito que ela é. E teve a sorte de contar com o amor da sua família: “Tudo isso nos ajuda a sermos mais felizes e saudáveis. Se não tivermos amor e Deus em nossas vidas não conseguimos ser feliz e não temos saúde. A falta de amor próprio facilita a entrada de pensamentos ruins e abre portas para a infelicidade e doenças, como a depressão. Além de sempre estar indo ao médico, fazendo meus exames e tendo uma alimentação de qualidade. E muitos momentos de alegrias junto a minha família.”
De forma semelhante, as senhoras Lenir e Emina perceberam o peso da idade. Lenir quando se viu impossibilitada de sair sozinha de casa. E Emina quando começou a perceber dificuldade em fazer determinadas coisas, em executar tarefas simples como passar um troco. “Foi então que estava na hora de mudanças, isso aos 79 anos. Decidir começar a me organizar pra ter mais tempo com a minha família, viajar, curtir meus filhos, netos, bisnetos. Claro que ainda tenho muitas responsabilidades, mas decidir levar a vida um pouco mais leve, mais alegre e com muito amor.” Ela cita.
O pesquisador Roberto Olinto, ex-presidente do IBGE, acredita que devido à baixa natalidade da população e uma longevidade maior, o Brasil precisa de uma nova política de saúde para a população de pessoas acima dos 70 anos, como planejar cidades inteligentes no futuro, por causa da pouca mobilidade deles e tentar mantê-los no trabalho enquanto podem.
Lenir ainda direta nas suas respostas, nunca soube definir algo fundamental para ser feliz no envelhecimento, mas diz que o conselho para os jovens que chegarão na sua idade é: “Cuidem da saúde em todos os aspectos. Inclusive espiritual” Já Emina acredita que as três coisas fundamentais para ser feliz nessa fase são: amar a Deus, sem Ele não somos nada. Sabedoria, sem isso, não chegamos a lugar nenhum. E por último, família, sem nossa família não somos ninguém. E para os jovens, alerta que: “tenham muito amor, sabedoria e respeito por sua própria idade. Pois muitos jovens vivem suas vidas sem se respeitar, sem se planejar. Sejamos gratos pela vida, respeitando sempre. Por que a Vida é amor.”
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