A exaustão extrema, as dores no peito e as crises de choro incontroláveis se tornaram parte da rotina de Juliana Ramos de Castro, uma nutricionista de 41 anos, quando ela desenvolveu a síndrome de burnout.
O que começou como uma suspeita de ansiedade em 2020 se transformou em uma realidade avassaladora após assumir um cargo de gerência com uma jornada de 16 horas diárias.
“Mesmo descansando o fim de semana todo, não me recuperava”, conta Juliana. Os sintomas de cansaço extremo, tontura e confusão mental se tornaram frequentes, levando-a a buscar ajuda médica.
O diagnóstico de burnout veio acompanhado de um afastamento de 60 dias, seguido pela decisão de mudar de carreira.
O caso de Juliana não é isolado. Em 2023, o Brasil registrou 421 afastamentos por burnout, o maior número da última década, segundo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Esse aumento de 136% em comparação com 2019 reflete o impacto da pandemia de coronavírus, que intensificou as pressões no ambiente de trabalho.
Dados mostram que, nos últimos dez anos, o número de afastamentos por burnout cresceu quase 1.000%.
Especialistas apontam que esse crescimento se deve ao maior reconhecimento da síndrome como uma condição ocupacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS), além do aumento da pressão sobre os trabalhadores e a dificuldade em distinguir burnout de outros transtornos mentais relacionados ao trabalho.
Apesar do crescente número de diagnósticos, muitos casos de burnout ainda passam despercebidos.
Estima-se que 40% das pessoas economicamente ativas no Brasil sofram da síndrome, embora nem todos sejam diagnosticados.
No entanto, o Ministério da Previdência Social só contabiliza afastamentos superiores a 15 dias, o que limita a compreensão da real extensão do problema.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio Geraldo da Silva, os médicos enfrentam o desafio de comprovar a relação direta entre o trabalho e o esgotamento profissional, uma exigência do Conselho Federal de Medicina (CFM) que dificulta o diagnóstico.
Além dos desafios de diagnóstico e tratamento, trabalhadores enfrentam muitas vezes o estigma associado ao burnout.
Comentários de que a pessoa está “exagerando” ou “querendo chamar atenção” são comuns, como relatado pela pedagoga Kátia Aparecida Mantovani Corrêa.
Em casos mais graves, a falta de compreensão e apoio no ambiente de trabalho pode levar à demissão, como ocorreu com o gerente de projetos Lucca Zanini.
A demissão pode agravar os sintomas e levar a um ciclo de problemas de saúde mental.
A responsabilidade das empresas na prevenção do burnout tem sido amplamente discutida.
Especialistas afirmam que é essencial mudar a cultura organizacional para prevenir a síndrome, estabelecendo limites ao desempenho individual e promovendo o bem-estar dos funcionários.
No Brasil, ainda é difícil responsabilizar judicialmente as empresas por causarem burnout, mas alguns casos já resultaram em indenizações, como uma decisão em 2022 que condenou uma operadora de turismo a pagar R$ 20 mil por danos morais a uma funcionária diagnosticada com a síndrome.
O tratamento do burnout exige uma abordagem multifacetada, que inclui psicoterapia, medicamentos e mudanças no estilo de vida.
A psiquiatra Alexandrina Meleiro, da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), destaca a importância de práticas como esportes, gerenciamento do estresse e atividades de lazer na recuperação.
No entanto, o processo é longo e desafiador, especialmente quando o ambiente de trabalho não oferece o suporte necessário.
A conscientização e a prevenção são fundamentais para evitar que o burnout se torne ainda mais prevalente entre os trabalhadores brasileiros.
Fonte: BBC
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