Clima de fim de ano pode piorar a saúde mental das pessoas, diz especialista

De acordo com o Instituto Ame Sua Mente, 60% das pessoas com doenças mentais relatam que os feriados de fim de ano fazem com que a sua condição piore. Alguns sintomas como palpitações, sudorese, insônia, irritabilidade e necessidade de isolamento podem surgir nessa época do ano.

O psicólogo Carol Costa explica como essa sensação passa a surgir nas pessoas nessa época do ano. “O final do ano tem em seu simbolismo um prenúncio do fim de algo que passou e o começo de uma nova fase. Na hora que você está iniciando algo, você tem muitos projetos, como ‘esse ano vai ser diferente’, ‘vai ser de tal jeito’, ‘eu vou fazer isso e aquilo’, ‘vou agir desse jeito’, e aí quando chega no final do ano, na maioria das vezes, a gente lembra e pensa naquilo que não foi feito, o que gera um certo desconforto”, afirma.


Segundo o especialista, o final do ano traz um pensamento de completude familiar, de união, de estar com os entes queridos, e ao longo do ano, muitas vezes, as famílias são separadas, e é nesse momento que as pessoas passam a lidar com a situação de solidão. Para muitas pessoas, principalmente para os idosos, Carol afirma, a solidão é um pouco mais difícil de se lidar. “Além disso, atualmente estamos em um período de pandemia, no qual famílias tiveram muitas pessoas que infelizmente não estão mais aqui, ou seja, é um momento mais de reflexão. Normalmente o final de ano traz consigo esses sentimentos ruins, e a pandemia é um agravante, porque hoje muitas famílias estão incompletas, e isso leva a uma reflexão muito difícil. E pessoas que estão passando por um processo de ansiedade, depressão ou síndrome do pânico são muito mais afetadas”, pontua Carol.


De acordo com Carol, os sintomas que aparecem nesta época são muito variados, pois cada pessoa reage da sua maneira, mas de forma geral são palpitações, sudorese, insônia – transtornos do sono são muito comuns quando alguém está passando por uma situação difícil –, falta de ar, taquicardia, tontura, irritabilidade, busca por isolamento, perda ou ganho de peso e deixar de fazer atividades que antes eram prazerosas. Algumas pessoas reclamam de formigamento e dormência nas extremidades, no braço ou no rosto. Outras pessoas podem ter as chamadas doenças psicossomáticas, que parecem dores físicas mas na verdade são psicológicas. “Quando a cabeça não aguenta certas situações, o corpo começa a reagir. Temos que estar atentos para perceber esses sintomas”, diz o psicólogo.


O que pode ser feito para melhorar esse problema é procurar ajuda de um profissional. “As pessoas que já vem fazendo um trabalho de psicoterapia, buscando o psicólogo, o profissional habilitado que tem as ferramentas e o conhecimento necessário para auxiliar em um momento como esse, tendem a passar melhor por essa situação. Elas começam a se conscientizar sobre o que é esse final de ano, que é um momento de reflexão, e nem sempre a gente consegue tudo aquilo que a gente pensa. É preciso fazer um trabalho de metas de pequeno, médio e longo prazo, que ajuda a gente a ir se conhecendo e pode mensurar o nosso raio de ação. Tem coisas que a gente não pode achar que vai acontecer em pouco tempo, porque denota muito tempo e dedicação e por mais que a gente queira é difícil. A gente precisa dar tempo ao tempo”, enfatiza Carol.


Além do tratamento psicológico, também é importante ter uma boa alimentação, cuidar do corpo e fazer exercício físico regularmente. “Tudo que é saudável e que leva oxigênio ao cérebro é maravilhoso, buscar estar no convívio das pessoas que a gente gosta, fazer atividades prazerosas, ter uma válvula de escape. Esses são artifícios que servem para a vida e que ajudam bastante em momentos difíceis”, pontua.


Carol declara que é possível encontrar formas para mudar essa situação em qualquer época do ano. “A gente tem mais é que aprender com o que nós passamos, erros e acertos. A vida é feita de altos e baixos, então temos que aprender com as situações e não tomar como decisivas as situações de desafeto que nos impedem de ir adiante. Nem sempre tome um fim como um fim, mas sim como um recomeço. Precisamos nos reinventar, nos reavaliar e nos munir de força para poder seguir. Não importa quantas vezes você cai, mas quantas vezes você se levanta, isso é o que faz toda a diferença. Não tem ninguém que seja feliz que não tenha passado por um problema difícil. Nós somos moldados pela dor, e quando a dor vem temos que aprender com ela, pois enquanto a gente não aprende ela vai continuar sendo dor”, finaliza o psicólogo.

*Com informações da assessoria de imprensa

Milena Alves

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