Saúde Pública

Câncer colorretal é o terceiro mais comum entre homens e mulheres no Brasil e pode ser prevenido

A artista Preta Gil está em tratamento contra o câncer colorretal (de intestino). Aos 48 anos, Preta Gil revelou que foi diagnosticada com um adenocarcinoma na porção final do intestino (câncer no intestino) após passar seis dias internada para investigar um desconforto no intestino e teve a confirmação da doença.

Antes dela, outros famosos também tiveram câncer de intestino (colorretal):

Um exame de rotina apontou que Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, estava com câncer colorretal – terceiro tipo de câncer mais comum no Brasil e que abrange os tumores que atingem o intestino grosso, chamado cólon, e o reto (final do intestino). O tumor descoberto em Pelé estava localizado no cólon, e o diagnóstico ocorreu em setembro de 2021. Na época, ele foi submetido a uma cirurgia para retirar a lesão. O Rei Pelé morreu no dia 29 de dezembro, aos 82 anos, por complicações do câncer, que já afetava outros órgãos como rins e pulmão.

Roberto Dinamite, maior ídolo da história do Vasco da Gama, também foi diagnosticado com a doença no fim de 2021. O tumor foi descoberto durante uma cirurgia para desobstrução intestinal. Ele morreu no domingo (08/01), aos 68 anos, no Rio de Janeiro.

Incidência – Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam que este é o terceiro tipo de tumor mais frequente em mulheres e homens no Brasil. Segundo as estimativas INCA, são 45.630 mil novos casos de câncer de intestino (cólon e reto) previstos para 2023, corresponde por cerca de 10% de todos os casos da doença no país. Na região Norte do País, o Pará é o estado que apresenta maior incidência, com 640 novos casos previstos para o próximo ano. Em 2022, foram registrados 41 mil novos casos de câncer colorretal no Brasil.

Em todo o mundo, a incidência da doença vem crescendo entre os adultos jovens, mas a incidência é mais comum entre homens e mulheres com mais de 45 anos ou em pessoas que tenham casos na família. A despeito de ser um dos tipos de câncer considerados preveníveis, 85% dos casos de câncer colorretal são diagnosticados em fase avançada, quando a chance de cura é menor. 

Entre os sintomas mais comuns da doença está a alteração do hábito intestinal. Por exemplo: cólica, sangramento durante a defecação, diarreia frequente ou constipação, perda de peso sem explicação e anemia. Entretanto, o paciente também pode não apresentar sintoma nenhum, por isso o check-up é essencial e as chances de cura estão intimamente ligadas ao estágio da doença. Quanto mais precoce o diagnóstico, maior será a chance de cura. 

Fatores de risco – A incidência de câncer de intestino está ligada ao estilo de vida, especialmente aos hábitos alimentares. Ter mais de 50 anos, ser obeso, se alimentar mal e ser sedentário são características comuns de quem está no grupo de risco para desenvolver esse tipo de câncer. Entre os hábitos que podem influenciar no surgimento da doença estão dieta rica em carne vermelha e alimentos processados, tabagismo e consumo excessivo de álcool.

Histórico de diabetes tipo 2 e doenças inflamatórias intestinais (colite ulcerativa e doença de Crohn) são fatores que podem aumentar o risco de aparecimento do câncer de cólon e reto também.

A bancária Léa Paysano, de 60 anos, passou pelo tratamento de um câncer de intestino e agora está em acompanhamento médico. O diagnóstico veio em maio de 2020, início da pandemia da Covid-19. Léa lembra que percebeu sangue nas fezes, mas acreditou ser pelo nervoso com a pandemia. “Tinha muito medo de sair de casa, de precisar ir ao médico ou fazer exames por causa da covid-19. Por isso, fiquei um tempo com os sangramentos sem falar para ninguém”, diz ela. Só quando comentou com uma irmã e um sobrinho que é médico, decidiu procurar um gastro para investigar o problema.

O exame de colonoscopia só foi feito no dia 18 de julho, quando o câncer foi confirmado. A cirurgia para a retirada do tumor aconteceu um mês depois, em 11 de agosto.

O tratamento com quimioterapia durou até março de 2021.

Léa Paysano lembra que tinha outros casos de câncer de intestino na família paterna, e afirma que sempre teve uma alimentação saudável. “Nunca tive o hábito de comer besteiras na rua, o único excesso era a pimenta para acompanhar o prato favorito – peixe. Mas, não tinha nenhum outro fator de risco, sou magra, não bebo e nem fumo. Por isso, o diagnóstico foi um susto”, garante.

“Foi tudo muito rápido, mas como o diagnóstico foi precoce, com o câncer em estágio inicial, hoje estou bem”, comemora. “Mas sou ainda mais rigorosa com minha alimentação, para ter um prato sempre saudável, sem gorduras e com muita verdura e legumes. Só não consegui largar o açaí, que tomo todos os dias”, diz Léa Paysano.

Prevenção – Apesar da alta incidência, o câncer de intestino pode ser evitado. Isso porque a doença tem início a partir de pólipos – uma lesão pequena e não maligna nas paredes do intestino (após os 50 anos de idade, a chance de ter pólipos gira entre 18 e 36%).

Uma maneira de prevenir o aparecimento dos tumores é a detecção e a remoção dos pólipos antes de eles se tornarem malignos. Eles podem ser detectados precocemente através de exames como a pesquisa de sangue oculto nas fezes, colonoscopia e exames de imagem complementares, capazes de identificar as lesões com potencial de malignidade e removê-las, evitando um futuro câncer.

Para diminuir as chances de ter câncer de intestino é recomendado adotar uma alimentação rica em frutas e hortaliças; evitar o consumo de alimentos processados e de bebidas alcoólicas, refrigerantes e outras bebidas açucaradas.

O desenvolvimento de câncer por fatores de hereditariedade representa entre 5% e 10% dos casos. A recomendação atual da SBCP (Sociedade Brasileira de Coloproctologia) é de que pessoas sem histórico de câncer de intestino na família procurem o coloproctologista a partir dos 50 anos. Se houver casos na família, esse acompanhamento deve ter início 10 anos antes da idade que tinha aquele familiar quando foi diagnosticado.


texto da assessoria de imprensa do Centro de Tratamento Oncológico

Romeu Lima

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