Saúde Infantil

Bullying: especialistas falam como ajudar as crianças a combater

20 de outubro foi o Dia Mundial do Combate ao Bullying, essencial para se discutir e conscientizar sobre essa questão que afeta uma parte significativa da população.

Segundo um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 23% dos brasileiros declararam ter sofrido bullying em algum momento de suas vidas.

CONSEQUÊNCIAS DO BULLYING PARA A SAÚDE MENTAL

Segundo uma pesquisa realizada pela Universidade King’s College London, crianças que sofrem bullying repetidamente têm maior risco de desenvolver problemas de saúde mental a longo prazo.

O estudo mostra que o bullying altera a estrutura do cérebro, especialmente na região do córtex cerebral, responsável por funções como memória, atenção e controle emocional.

Além disso, a pesquisa aponta que vítimas de bullying podem apresentar um risco 40% maior de desenvolver transtornos como depressão e ansiedade na vida adulta.

IMPACTO A LONGO PRAZO NA VIDA DAS VÍTIMAS

“Os danos do bullying não se limitam ao presente”, afirma a pediatra Flávia de Freitas Ribeiro, especialista em psiquiatria infantil.

“Essas alterações no cérebro podem resultar em dificuldades emocionais e de socialização ao longo de toda a vida, reforçando a importância de uma intervenção precoce.”

O PAPEL DOS PAIS NO ENFRENTAMENTO DO BULLYING

Ao perceber que uma criança está sofrendo bullying, muitos pais podem se sentir impotentes ou não saber como agir de forma efetiva.

Segundo a Dra. Flávia, o primeiro passo é criar um ambiente seguro e aberto em casa, onde a criança sinta que pode compartilhar suas experiências sem medo de represálias ou julgamentos.

“A escuta ativa é fundamental. Muitas crianças podem não falar abertamente sobre o bullying por vergonha ou medo de piorar a situação. Por isso, os pais precisam ficar atentos a sinais indiretos”, orienta a pediatra.

EMPATIA E RESPEITO: FERRAMENTAS CONTRA O BULLYING NAS ESCOLAS

Segundo a psicóloga clínica e escolar da Legacy School, Camila da Silva Conceição, para combater o bullying nas escolas é preciso promover o respeito e empatia:

Ensine as crianças a respeitarem as diferenças e a se colocarem no lugar dos outros. A empatia é uma ferramenta poderosa contra o bullying. Incentive os alunos a falarem sobre suas experiências e sentimentos.

Uma linha de comunicação aberta entre pais, alunos e professores é essencial para identificar e resolver problemas de bullying.

Realize palestras e workshops para educar a comunidade escolar sobre o que é bullying, suas consequências e como agir.

Professores e funcionários devem estar atentos aos sinais de bullying durante as atividades escolares e nos intervalos.

Estabeleça uma política clara contra o bullying, com consequências definidas e consistentes para os infratores.

SINAIS PARA IDENTIFICAR O BULLYING

Teresa Daltro, pedagoga e diretora da Rede Daltro, explica que o bullying é um problema sério que afeta o bem-estar e o desenvolvimento das crianças e adolescentes.

Envolve comportamentos agressivos, intencionais e repetitivos, que podem causar danos físicos, emocionais e psicológicos às vítimas. A especialista oferece orientações sobre como identificar o problema:

  1. Comportamentos repetitivos: agressões físicas, verbais ou psicológicas que se repetem ao longo do tempo;
  2. Intenção de causar dano: ações deliberadas para machucar ou intimidar a vítima;
  3. Desigualdade de poder: agressor e vítima estão em posições desiguais, seja por força física, posição social ou outros fatores;
  4. Mudanças no comportamento da vítima: observação de sinais de ansiedade, depressão, evasão escolar, queda no desempenho acadêmico, entre outros.

ESCOLA LANÇA FILME SOBRE BULLYING PARA CONSCIENTIZAR ALUNOS

Colégio localizado no bairro do Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro, o RCS, foi além quando o assunto se trata de educação, conscientização, respeito e empatia.

Os alunos produziram um curta-metragem com uma narrativa simples e marcante a respeito de transtornos e deficiências ocultas e como respeitar esses alunos sem prática de bullying.

O curta tem aproximadamente 17 minutos e conta o dia a dia do Tiago. Tiago aparece nas cenas com sua irmã, por hora com sua mãe e na maioria do tempo com seus amigos do colégio, vivenciando atividades do cotidiano como tomar café da manhã, ir à escola, ao dentista, etc.

Com o vídeo nota-se que “a cabeça de abóbora” consiste em uma alegoria que traduz cirurgicamente a vivência de uma criança autista no meio escolar: quando ela está em um meio seguro ou quando ela é submetida ao estresse, como o preconceito ou a própria impercepção do transtorno que o outro tivera.

A “cabeça de abóbora” serve em qualquer pessoa, cabe em qualquer situação, mas o foco do vídeo é voltar o olhar para a formação do aluno e o ambiente escolar a que ele estará submetido.

Tudo isso será determinante para o seu bom desenvolvimento e avanço no seu tratamento.

Veja o trailer do vídeo O Menino da Cabeça de Abóbora AQUI!

Romeu Lima

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