Mesmo com a alta de casos de depressão, ansiedade, insônia e outros males durante a pandemia do coronavírus, procurar por um psicólogo ainda é um atendimento pouco utilizado pelo brasileiro. É o que aponta um levantamento feito em setembro de 2021, pelo Instituto FSB pesquisa e a SulAmérica. Segundo a pesquisa, a saúde mental é a principal preocupação da população. Porém, apenas 10% das mais de mil pessoas ouvidas nessa enquete tiram proveito da terapia.
Uma outra pesquisa realizada no mesmo período, dessa vez pela startup The Bakery, constatou um pequeno aumento no número de indivíduos que procuraram por esse serviço do ano passado para este – de 15% para 29%. Os mais de 500 respondentes ainda citaram a prática de exercícios (44%), meditação (16%) e uso de medicamentos (13%) como forma de alívio.
A falta de acesso a profissionais por questões financeiras ou resistência a contar com um acompanhamento psicológico são alguns dos fatores que podem explicar esse comportamento.
“O preocupante é ter um indicador de que 55% das pessoas sentiram piora da saúde emocional e a maioria não buscou ajuda. Ainda há o estigma de que fazer terapia é sinônimo de conviver com uma doença mental grave. As pessoas têm vergonha”, avalia Raquel Imbassahy, diretora de gestão de Saúde Populacional da SulAmérica.
A história da psicoterapia no Brasil vem de um lugar elitista, em que só grupos com alto poder aquisitivo teriam acesso a um tratamento tão personalizado, avalia Claudia Oshiro, especialista em terapia comportamental e cognitiva pela Universidade de São Paulo (USP).
“Quando a pessoa tem a primeira sessão na rede pública, é preciso explicar para ela como será e o que é conversado ali, porque a maioria não faz ideia de como funciona”, relata Claudia.
O psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), também acha que a baixa adesão se deve ao desconhecimento da sociedade sobre o assunto.
“Além disso, existe um estigma relacionado ao tratamento, pois muita gente considera que a psicoterapia é um tratamento para a ‘loucura’ ou, ainda, frescura. E isso nada mais é do que psicofobia, ou seja, o preconceito contra os padecentes de deficiências e transtornos mentais”, defende o médico.
Fonte: Veja Saúde
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