A universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), em colaboração com o Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso (Coren-MT), inaugurou o primeiro curso de Enfermagem Indígena, marcando um marco histórico para o Brasil e para o mundo.
A iniciativa pioneira proporciona a 50 alunos pertencentes a 43 etnias, como Xavante, Pareci, Kaiapó, Nhambiquara e Bacairi, a oportunidade única de integrar conhecimentos ocidentais com as tradições e culturas dos povos indígenas.
A professora Valdeiza Avelino Ozanaezokero, uma indígena, conduz as aulas, que tiveram início na última segunda-feira (13), destacando a importância deste momento para os povos tradicionais. “Estamos proporcionando um conhecimento inédito que nós, povos indígenas, vamos trazer para dentro da universidade. Vamos poder organizar nosso conhecimento tradicional com os conhecimentos baseados em evidências científicas”, afirma Valdeiza.
O curso de Enfermagem Indígena, com duração de cinco anos, buscará integrar as peculiaridades culturais e tradições dos povos indígenas com o conhecimento científico ocidental. Desde o primeiro semestre, os estudantes aplicarão as aulas teóricas na prática, realizando preceptoria nas unidades básicas de saúde em Barra do Bugres (168 km a médio-norte).
Ana Cláudia Trettel, coordenadora do 1º curso de enfermagem indígena e enfermeira, destaca a abordagem da graduação, que incluirá momentos tanto na universidade quanto nas aldeias. “Na universidade, eles terão aulas teóricas e depois levarão para as aldeias esse conhecimento e vão executar projetos de extensão, pesquisa e práticas de campo que irão auxiliar essas comunidades. Com certeza estamos com toda a energia da ancestralidade nos unindo nesse propósito de formação em Enfermagem”, explica Trettel.
Além dessa conquista marcante, é crucial compreender a importância do cuidado com a saúde indígena. O conceito de saúde indígena vai além do bem-estar físico; envolve o equilíbrio mental e social dos povos indígenas, sendo um direito fundamental garantido pela Constituição Federal do Brasil.
A saúde indígena é uma área complexa, influenciada por fatores biológicos, sociais, culturais e ambientais.
Os povos indígenas enfrentam diversos desafios, desde doenças infecciosas como malária, tuberculose, dengue, febre amarela, hepatite B e HIV/AIDS, até problemas relacionados à desnutrição, condições precárias de saneamento básico e violência.
A Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASI), instituída em 2002, estabelece princípios e diretrizes para a atenção à saúde desses povos no Brasil.
O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS), integrante do Sistema Único de Saúde (SUS), é responsável pela implementação da PNASI, focando na atenção primária à saúde.
Contudo, o acesso aos serviços de saúde continua sendo um desafio para os povos indígenas, devido à distância entre os territórios indígenas e os centros urbanos, falta de infraestrutura e recursos humanos, além de preconceitos presentes na sociedade.
O governo brasileiro tem adotado medidas para superar esses obstáculos, como a construção de unidades de saúde nos territórios indígenas, a contratação de profissionais de saúde indígenas e campanhas de conscientização sobre a importância da saúde indígena.
Nesse contexto, o 1º curso de enfermagem indígena não apenas representa um avanço educacional significativo, mas também um compromisso essencial com o cuidado integral da saúde dos povos indígenas, unindo conhecimentos científicos e tradicionais de forma inovadora e historicamente única.
Fonte: Cofen e Ministério da Saúde
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