Saúde Mental

Autodiagnóstico online e os perigos da busca por respostas

As redes sociais transformaram radicalmente como as pessoas percebem e compreendem as condições de saúde mental. A facilidade de acesso à informação online trouxe tanto benefícios quanto desafios para a saúde mental dos indivíduos. A influência da internet nas percepções sobre saúde mental, os perigos do autodiagnóstico, e o papel fundamental dos profissionais de saúde mental na promoção de uma compreensão precisa das condições psicológicas.

A popularização do TikTok e do Instagram, por exemplo, levou ao surgimento de conteúdos rápidos que afirmam diagnosticar doenças mentais, como depressão, borderline e TDAH, com base na identificação de sintomas em vídeos curtos. No entanto, a veracidade desses diagnósticos é questionável, e não há fiscalização adequada.

Um estudo de 2022 analisou vídeos relacionados ao TDAH no TikTok e descobriu que a maioria deles era enganosa, atribuindo sintomas genéricos a esse transtorno. Além disso, nenhum dos vídeos incentivou os espectadores a buscar ajuda profissional. Essa banalização dos diagnósticos pode trivializar o sofrimento e reduzir a compreensão dos transtornos mentais. Muitos desses vídeos foram criados por pessoas não qualificadas na área da saúde, e a maioria dos usuários do TikTok é jovem, o que pode aumentar o problema.

O Dr. Dirceu Rigoni, psiquiatra, destaca que a influência da internet na saúde mental pode ser vista de várias perspectivas. As informações online nem sempre são adequadamente filtradas, o que pode levar as pessoas a entrar em contato com informações falsas, duvidosas ou obsoletas, causando confusão.

Os algoritmos também desempenham um papel importante, mostrando assuntos em alta e criando uma tendência de acreditar que são mais relevantes do que realmente são. Por outro lado, a internet também trouxe benefícios, como uma maior conscientização sobre questões de saúde mental e acesso a informações úteis para os pacientes.

No entanto, Dr. Rigoni ressalta que a psiquiatria é uma disciplina complexa, com nuances que podem ser difíceis de compreender por meio de textos online. Além disso, a busca por autodiagnóstico e autotratamento pode levar a diagnósticos errados e consequências graves.

Muitas pessoas se identificam com relatos online de condições como TDAH, bipolaridade e autismo, mesmo sem um diagnóstico formal. Isso ocorre porque os relatos online muitas vezes descrevem sintomas de forma superficial, levando as pessoas a acreditar que estão experimentando esses sintomas. No entanto, Dr. Rigoni enfatiza a importância de buscar ajuda profissional para um diagnóstico adequado.

Os perigos do autodiagnóstico incluem diagnósticos errados, a busca de tratamentos inadequados e a automedicação. Os profissionais de saúde mental vão lidar com pacientes que chegam com autodiagnósticos com base em informações online, começando do zero, investigando de forma neutra e seguindo as práticas clínicas adequadas. O objetivo é garantir que o diagnóstico seja preciso e o paciente receba o tratamento adequado.

O papel dos psiquiatras e outros profissionais de saúde mental vai além dos consultórios. Eles desempenham um papel fundamental na educação do público sobre saúde mental, ajudando a filtrar informações e promovendo uma compreensão precisa das condições psicológicas.

Para aqueles que acreditam ter uma condição de saúde mental com base em informações da internet, o conselho mais importante é buscar atendimento profissional. A busca por ajuda pode variar, mas inclui consultas com psiquiatras e psicólogos, tanto na rede pública quanto na privada. A consulta presencial ou por teleconsulta é fundamental para um diagnóstico adequado e um tratamento eficaz. Em um mundo onde as informações são abundantes, a orientação de um profissional de saúde mental continua sendo a abordagem mais segura e confiável para lidar com questões de saúde mental.

Romeu Lima

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