Anvisa autoriza ensaio clínico para medicamento contra dengue
Faça o que for preciso para manter uma boa saúde. foto recortada de uma jovem tomando medicamentos em casa. Por YuriArcursPeopleimages
Faça o que for preciso para manter uma boa saúde. foto recortada de uma jovem tomando medicamentos em casa. Por YuriArcursPeopleimages

Anvisa autoriza ensaio clínico para medicamento contra dengue

Do what it takes to maintain good health. cropped shot of a young woman taking medication at home

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o início de um ensaio clínico Fase 2 no Brasil, que investigará o medicamento EYU688 como tratamento para a dengue.

O estudo, que também está sendo realizado em países da Ásia, como Cingapura, Índia, Malásia e Vietnã, é patrocinado pela empresa farmacêutica Novartis Biociências.

O objetivo é avaliar a eficácia, a segurança e a farmacocinética do EYU688 em pacientes infectados por qualquer um dos quatro sorotipos do vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4).

A dengue é uma doença febril grave e endêmica no Brasil, transmitida por mosquitos Aedes aegypti.

Durante o ano, principalmente nas épocas quentes e chuvosas, o país vivencia picos de surtos, com um alto risco de epidemias.

Por isso, o desenvolvimento de novos medicamentos, como o EYU688, é uma esperança para a população e para o sistema de saúde, que lida com milhões de casos todos os anos.

O FUNCIONAMENTO DO MEDICAMENTO EYU688

O EYU688 atua diretamente na proteína NS4B, uma parte essencial do complexo de replicação do vírus da dengue.

Essa proteína é encontrada nos quatro sorotipos do vírus e, ao ser bloqueada, o medicamento interrompe a replicação viral, impedindo que o vírus se multiplique no corpo do paciente.

Esse mecanismo de ação faz do EYU688 uma alternativa promissora no combate à dengue, que hoje carece de tratamentos antivirais específicos.

No ensaio clínico, os pesquisadores buscam entender como o medicamento age no organismo (farmacocinética), sua segurança em humanos e sua eficácia na redução dos sintomas e da carga viral.

Os pacientes serão divididos em dois grupos: um receberá o EYU688 e o outro, um placebo – uma substância inativa que não possui efeito terapêutico, mas tem a mesma aparência do medicamento.

O QUE É UM ENSAIO CLÍNICO?

Os ensaios clínicos são estudos fundamentais para o desenvolvimento de novos tratamentos.

Eles testam a eficácia e a segurança de medicamentos em humanos, seguindo um protocolo rigoroso que começa em fases laboratoriais e em testes com animais, chamados de estudos pré-clínicos, e avança para diferentes fases com voluntários humanos.

No caso do EYU688, o estudo está na Fase 2a, que é um passo intermediário no desenvolvimento de um medicamento.

Nessa fase, os pesquisadores têm como foco verificar como o corpo processa o medicamento e se ele é seguro e eficaz para tratar a dengue.

O ensaio é randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, o que significa que os participantes são divididos aleatoriamente, e nem os pacientes, nem os pesquisadores sabem quem está recebendo o medicamento ou o placebo.

Esse tipo de estudo é considerado o padrão-ouro da pesquisa clínica, garantindo que os resultados sejam o mais confiáveis possível.

O IMPACTO DO ENSAIO E O CAMINHO ATÉ A APROVAÇÃO

O estudo clínico do EYU688 envolverá 38 pacientes, distribuídos em centros de pesquisa em várias cidades brasileiras, incluindo Brasília, Sorocaba, São José do Rio Preto, Manaus e Rio de Janeiro.

Esses pacientes serão monitorados de perto, com avaliações detalhadas sobre como o medicamento interage com o organismo e como ele afeta os sintomas da dengue.

Se os resultados forem positivos, o medicamento poderá avançar para fases mais amplas de estudo, como a Fase 3, que envolve um número maior de participantes.

Caso o EYU688 demonstre que seus benefícios superam os riscos, ele poderá ser submetido para registro junto à Anvisa e, eventualmente, estar disponível para o tratamento de pessoas infectadas com dengue no Brasil.

Os ensaios clínicos são regulados pela Anvisa e pelo sistema ético brasileiro, que inclui o Comitê Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e os Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs).

Essas entidades garantem que todas as pesquisas sejam realizadas de forma ética e segura, protegendo os direitos dos participantes e assegurando que os estudos contribuam para o avanço da ciência.

Fonte: Anvisa