Um estudo conduzido pela Universidade de São Paulo (USP) e publicado no British Medical Journal (BMJ) revelou que o consumo de alimentos ultraprocessados está diretamente associado a 32 diferentes tipos de doenças, incluindo diabetes tipo 2, problemas cardiovasculares, câncer e até mesmo casos que evoluem para mortalidade precoce. Essa pesquisa analisou os dados de quase 10 milhões de pessoas em diversos países, destacando os impactos desses hábitos alimentares.
Os alimentos ultraprocessados são onipresentes em nossas vidas. Repletos de ingredientes artificiais, aditivos e conservantes, eles são encontrados facilmente nos corredores dos supermercados, nas prateleiras das padarias e, por fim, acabam em nossas mesas e na lancheira de muitas crianças. Biscoitos, cereais matinais, barras de cereais, macarrão e temperos “instantâneos”, salgadinhos de pacote, refrescos e refrigerantes, achocolatados, iogurtes e bebidas lácteas adoçadas são apenas alguns exemplos desses produtos.
A análise conduzida pela USP estabeleceu uma correlação significativa entre o consumo desses alimentos e o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis. Esses resultados servem como um alerta para os potenciais efeitos negativos que eles podem ter sobre a saúde pública. Mesmo para aqueles que consomem esses produtos em “quantidades mínimas” ou de forma “eventual”, a médica nutróloga Andrea Pereira, do Departamento de Oncologia e Hematologia do Hospital Israelita Albert Einstein, adverte que “não existe uma quantidade segura para o consumo, o ideal é evitar ao máximo”.
Além dos problemas já mencionados, o estudo da USP aponta que os alimentos ultraprocessados estão ligados a condições como depressão, doença de Alzheimer e Parkinson. Eles também aumentam o risco de câncer de mama, próstata e cólon, doenças cardíacas, derrame, diabetes tipo 2 e obesidade. Andrea Pereira enfatiza que “dietas ricas em alimentos ultraprocessados estão associadas a marcadores de má qualidade alimentar, como níveis elevados de açúcares adicionados, gordura saturada e sódio, maior densidade energética e menor teor de fibras, proteínas e micronutrientes”.
Diante dessas conclusões, os pesquisadores ressaltam a importância de promover hábitos alimentares saudáveis como forma de prevenção. A recomendação é substituir os alimentos ultraprocessados por opções naturais e minimamente processadas. O Guia Nutricional Brasileiro, do Ministério da Saúde, destaca alimentos in natura e minimamente processados, como verduras, legumes, frutas e sucos naturais, como a “base para uma alimentação saudável e adequada”.
Andrea Pereira destaca a importância do exemplo dos adultos para as crianças, argumentando que evitar alimentos ultraprocessados na dieta dos pequenos é essencial. Ela sugere que os adultos conversem com as escolas sobre a oferta de lanches e refeições mais saudáveis e evitem incluir ultraprocessados na lancheira das crianças, pois, como ela ressalta, “o hábito alimentar das crianças é ditado pelos adultos”.
Em última análise, uma alimentação saudável é um pilar fundamental da medicina preventiva. Ao adotar uma dieta rica em nutrientes, você não só fortalece seu organismo contra doenças crônicas, como também contribui para uma maior longevidade e qualidade de vida.
Fonte: ANAHP
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