Aceitar o próprio corpo também é saúde! Entenda como se redescobrir pode ajudar você - FRONT SAÚDE

Aceitar o próprio corpo também é saúde! Entenda como se redescobrir pode ajudar você

A liberdade de ser quem você é e ter segurança consigo mesmo é um estímulo ao equilíbrio emocional, consequentemente, também se torna uma questão de saúde. A busca pela auto-aceitação é sinônimo de rompimento dos padrões de beleza que são impostos pela sociedade. O respeito ao próximo e reflexões diárias sobre aceitação corporal são alguns dos passos recomendados por especialistas e que fazem toda a diferença no dia a dia.

De acordo com a psicóloga e professora da Universidade da Amazônia Bárbara Sordi, o corpo da mulher, desde a mulher da modernidade, ganha um status social muito importante para as relações de poder e para o controle do que seria o espaço público determinado, ocupado por homens e que seria relegado as mulheres. “O corpo da mulher passa a ser utilizado pra justificar o espaço dela restrito ao ar, tarefas como o trabalho não remunerado chamado de tarefa doméstica, a devoção aos filhos e o que a o cuidado que é uma habilidade humana passa a ser tida como instintual e feminino e também corpo que um homem vai ser utilizado para servir em algum aos anseios masculinos”, afirmou.

O padrão de beleza acaba sendo incorporado desde o período da invasão do Brasil pelos portugueses, que traz um modelo de beleza baseada nos traços europeus, segundo a psicóloga. “Esse modelo de beleza que seria o padrão é um modelo que branco que é magro, o mais próximo possível dos traços europeus, marginaliza e trata com rejeição e repúdio quanto mais outros corpos se afastam deste modelo. E aí entra a questão da magreza, enfim. Então o racismo, a gordofobia dentro desses padrões”, explicou.

A digital influencer Tainah Sá conta que sempre recebeu comentários em relação ao seu corpo e que desenvolve o processo de aceitação do próprio corpo há pelo menos cinco anos. “O meu processo ele iniciou depois de inúmeras tentativas frustradas de me sentir bem comigo mesma. Eu achava que se me sentir bem bonita era ser magra. E eu fiquei a vida inteira atrás disso. Eu tomei remédio, tive bulimia, transtornos alimentares e cheguei a pesar o peso que o médico disse que seria o ideal para mim. Mesmo assim eu não me sentia bem, eu não me reconheci naquele corpo. Eu me lembro da minha vó das minhas tias fazerem piadas em relação ao meu corpo, falarem para mudar o meu corpo aquela frase “você ter um rosto tão lindo porque não emagrece?” E eu acho que dói muito mais quando a gente vê isso dentro de casa, quando a gente ouve isso dentro de casa e é o primeiro lugar que a gente recebe”, relatou.

A modelo plus size afirmou que começou a compartilhar situações que sofria pelas redes sociais e teve um retorno grande do público feminino. “Eu comecei a compartilhar nas redes sociais pequenos eventos de pessoas que encontravam comigo e tinham uma reação extremamente horrível porque meu corpo tinha mudado, tipo ‘meu Deus por que estás gorda’,  sabe? Uma abordagem completamente fora da noção. Isso gerou muita identificação eu vi que eu não estava sozinha”, revelou.

A psicóloga explica que a melhor forma de lidar com os comentários desse tipo é promover debates internos e com sociedade. “A principal é uma reflexão crítica é conseguir com que esses comentários não sejam determinantes, que você não vá se afetar porque a gente é humano e se afeta a depender do contexto, do momento com o que a gente ouve. Mas a gente pode se proteger mais quando compreende certos fenômenos. Convidar as pessoas para fazerem essa reflexão. O que se consome de leitura, de documentários, de Instagram, de influencers  e começar a romper, fissurar esse consumo só do padrão hegemônico. Essa atitude é muito importante para que se possa começar a descolonizar nossas formas de pensar, também de nos relacionarmos e nos agruparmos enquanto sociedade em busca de mudanças sociais”, afirmou.

Tainah entendeu exatamente essa mudança e para ela, aceitar o próprio corpo acima de tudo é uma é uma questão de descoberta. “Se desconstruir é um processo necessário para que a gente mesmo se cure porque às vezes a gente está sofrendo por coisas que nem é a gente que está sentindo são coisas que foram impostas para gente. Então eu diria para você seguir sua intuição tirar um tempo pra se conhecer e  não absorver a energia, a opinião, o que os outros emanam sobre você e pra você. Você não precisa fazer algo, ter um trabalho, ter um corpo, ter um relacionamento para um pai, um tio, uma tia. Você precisa se perguntar quem está feliz acima de tudo ali , para quem você está fazendo aquilo”, concluiu.