Com a crise sanitária provocada pela pandemia da covid-19 despertou a necessidade de maior monitoramento de zoonoses, doenças infecciosas transmitidas entre animais e pessoas. Sabe-se que o desmatamento progressivo das florestas favorece o que os cientistas chamam de “spillover”, ou seja, o transbordamento de patógenos de espécies silvestres para os humanos. Acredita-se que desse modo tenham emergido enfermidades como Aids, ebola, doença de Lyme, malária, raiva e, muito provavelmente, a COVID-19.
Para debater estratégias para evitar o surgimento de novas pandemias, cientistas discutem a questão da saúde e ambiente na Amazônia no contexto da covid-19. A proposta de debate partiu de pesquisadores que integram o projeto “Depois das Hidrelétricas: Processos sociais e ambientais que ocorrem depois da construção de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio na Amazônia Brasileira”, apoiado pela FAPESP no âmbito do programa São Paulo Excellence Chair (SPEC).
A coordenadora do Centro de Informação em Saúde Silvestre (CISS) e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Márcia Chame afirma que o atual cenário de devastação ambiental aumenta ainda mais a necessidade de monitorar animais considerados sentinelas de zoonoses, como é o caso dos macacos e da febre amarela.
“No Brasil ainda não temos monitoramento suficiente nem bons modelos de predição que nos permitam identificar com precisão onde estão os focos dessas emergências. É um trabalho extremamente necessário, mas difícil de ser realizado, pois exige o envolvimento de uma equipe multidisciplinar de pesquisadores, dos governos e também da população”, afirmou a pesquisadora.
Marcus Barros, ex-presidente do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ressaltou a relação entre o desmatamento e os sucessivos surtos ou o surgimento de novas doenças na região amazônica.
“Hoje, acompanho alarmado as notícias sobre o desmonte das políticas ambientais na Amazônia e suas enormes consequências para o meio ambiente e a saúde das populações humanas. Sabemos que o desmatamento é o fio condutor para a propagação de doenças e que o meio ambiente e a saúde estão muito ligados”, disse.
A iniciativa que reúne a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a USP, a Universidade Federal do Pará (UFPA), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Universidade Federal de Rondônia (Unir), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Michigan State University (MSU), dos Estados Unidos.
Fonte: Agência Fapesp
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